S-A, Sa; P-O, Po = Cururú.
Segue-se a situação no consultório médico:
Rapaz interiorano, morador de fazenda - vulgo "caipira" ou sertanejo - chega ao consultório médico reclamando de uma dor horrível na região do pescoço conhecida por garganta. O médico faz os devidos exames e conclui:
"O senhor está com uma amidalite aguda que necessita de uma intervenção cirúrgica"
O pobre sertanejo, completamente ímpar ao linguajar utilizado, logo pergunta em tom bem característico:
"Como é qui é?!"
Logo o médico intervém com um modo nada técnico de pronunciar tal doença, afim de esclarecer o pobre homem:
"O sinhô tem duas bolas aí na sua garganta que estão do tamanho de duas pitombas, aí, preciso tirá-las pra mó di o sinhô melhorar..."
É assim, a luta incessante da gramática no dia-a-dia. Somos uma colcha de retalhos quando o assunto é o modo de falar... Diferentes meios de expressar-se acabam nos dando a sensação que, mesmo estando em um único país, vivemos em uma torre de Babel.
Explicações não faltam, sendo que a herança cultural é uma delas. O modo de falar é algo bem intrínseco à uma comunidade, tanto que a fala é um fundamento da escrita. É o principal meio de comunicação. Só que tal meio não é invariável... Sendo assim, completamente aberto à mudanças em quaisquer regiões.
O modo de falar do nordestino é diferente do modo que se falam no sul. Somos um país continental, a riqueza de culturas e de costumes é bem larga...
A língua portuguesa é uma língua aberta, ou seja, abre espaço para sugestão de neologismos. Tal língua se molda nos padrões da comunidade onde esta se encontra: sapo pode ser cururú; peróba vira maracujá, etc... É assim, um país multicultural...
Enfim, o diálogo acima mostra o quanto somos aptos a nos ver em situações em que o português técnico não se enquadra em um modo de falar de outra comunidade... Pluralismo da língua apesar desta estar no interior do mesmo país...
Sejamos assim... Iguais perante a lei, irmãos perante o idioma...