Os jardins da memória
Eram altas horas da noite, os meus olhos se fechando de tanto cansaço, de tanto lugar por algum espaço, e eu procurando algo para ler. Procurando algo que alimentasse meu coração e não meu intelecto. Então tive a brilhante idéia, vou ler Adélia Prado. Peguei um de seus poemas e quase tive uma explosão de alegria e gozo ao ler o seguinte: “O que a mémoria ama, se torna eterno, te amo com a memória, pois é imperecível”.
Que lindo, profundo... deveria ser canonizado. Amar com a memória, não é o amor que vive do momento atual, mas que retorna ao passado na busca de ensinamentos. Amar com a memória é ter o pretérito sempre diante dos nossos olhos, lembrando das lutas, amarguras... e das delícias.
Não retornando ao passado do amor amado, não se ama o presente, que passará. Passado foi plantio, onde as sementes foram cuidadosamente (ou não) colocadas no jardim do amor, e essas sementes mais tarde viraram lindas flores, que são guardadas na mente.
Assim, quando nossa memória ama, amamos o plantio e a colheita, quem ama as sementes do amor, ama as flores quando estas estiverem desabrochadas.