Pensando no futuro

Ainda sou jovem, no auge dos meus 25 anos tenho o ardor do sol no peito. E nem vejo limites nas coisas, fico parecendo criança jogando-se de olhos fechados nos braços dos pais, mas eu me jogo nos braços do mundo, e este não me segura, mas me levanto e novamente me jogo. Se sou irresponsável? Não sei, sou jovem.

Mas também tenho meus planos para o futuro, ser pai (inclusive serei mesmo, meu bebê tem 3 meses na barriga), bom emprego, boa esposa, dinheiro...

Mas na verdade o que eu quero mesmo é tranqüilidade. Poder deitar na rede todo fim de tarde com minha mulher e conversar sobre o passado, nem quero falar do futuro, é justamente o futuro que nos torna tão maus. Por causa do futuro, fazemos do outro nosso adversário e não nossos irmãos, fazemos da vida nosso campo de batalha e não nossa diversão.

Basta olhar as escolas, não são parques, são prisões. A gente estuda para ser O melhor e não para sermos bons, saímos da escola para sermos (o que muitos não conseguem) profissionais, mas não aprendemos a sermos cidadãos. Estudamos sobre todas as coisas do mundo, das coisas que constituem o mundo, mas não aprendemos a zelar por nossa casa, nosso lar, nossa Terra, e cometemos suicídio, porque somos homens pelo fato de sermos Húmus (Terra em latim), matando a terra, morremos.

Mas que nada, isso os jovens não precisam aprender, afinal de conta quem dera que nosso mundo fosse feito pelo Oscar Niemeyer e não por Deus. Não que tenha nada contra o Niemeyer, de forma alguma. Mas basta vermos a projeção do nosso mundo, não veremos árvores, não veremos plantas, nem florestas, tudo será de ferro, a começar pelas pessoas.

Tudo isso por quê? Por causa do futuro. Se ao menos o futuro que planejamos fosse bom...

Mas como estava falando, eu queria mesmo era paz. Ter uma fazenda e acordar cedo para caminhar de mãos dadas com minha família, sentar e ler bons livros, sair para conversar e trocar experiências, “mas isso é coisa de gente preguiçoso” dirão alguns, bem – respondo eu - ao menos essas coisas não me deixariam stressado.

Queria ser como a Adélia Prado se descreveu “sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia. Faço comida e como. Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro e atiro os restos.”, bonito isto, porque eu não queria ser um homem de empresa, que tem filhos e não os vê. E aos domingos nem fico em casa, pior ter tempo para alimentar um cãozinho.

Então é isso, tenho 25 anos e já queria uma vida tranqüila, trabalhar para viver e trabalhar o suficiente para alimentar minha prole. Mas não dá, que pena. Tenho que ganhar dinheiro, porque a qualquer momento posso depender do SUS. E ai, nem Deus pode aliviar minha dor...

Wagner Martins
Enviado por Wagner Martins em 23/04/2008
Reeditado em 23/04/2008
Código do texto: T958173