Sobre o sentido da vida
Todos os ramos da ciência e toda cultura popular já se depararam com essa pergunta: “Qual o sentido da vida?” Você nunca ser perguntou não? Sempre que tomo cerveja sozinho eu faço essa pergunta. Porque essa questão só vem à tona na solidão ou na tristeza, ninguém questiona isso no momento da alegria.
Foi a Elsa Maxwell que disse o seguinte “a vida é uma festa. A gente chega depois que começou e sai antes que acabe.", interessante essa resposta porque quando chegamos já achamos a vida pronta e ao sair deixamos tudo inacabado. Fomos apenas mais um tijolo na construção da existência, e a minha alegria na vida consiste em saber disso, que não fui melhor, fui apenas mais um.
Conforme eu disse, na alegria ninguém medita sobre o sentido da vida, porque o bom da festa é o movimento e no movimento o pensamento não tem efeito. Foi por isso que o sábio bíblico escreveu esse conselho: “Melhor é ir à casa de luto (velório) do que ir à casa onde há banquete (festa); porque naquela (no velório) se vê o fim de todos os homens, e os vivos (que estão no velório) o aplicam ao seu coração" (Eclesiastes 7:2). O melhor momento para uma meditação sobre a vida é no momento da dor, do sofrimento, da privação... só os tristes perdem tempo com essa indagação.
E a Clarice Lispector que não era triste, mas como disse a Cecília Meireles era poeta, assim poetizou: "Nunca procure entender, viver ultrapassa todo entendimento". Quando pensamos demais sobre o sentido da vida, perdemos tempo pensando, e deixando de viver. Buscar sentidos é tentar entender o que veio antes e o que virá depois, grande perda tempo essa atitude, pois o que veio não voltara e o que virá ainda não chegou. Somos um nó de possibilidades, a vida pode mudar drasticamente de sentido a cada passo dado por nós. As igrejas falam do sentido da vida para aprisionar os fiéis, a filosofia para ocupar o tempo dos filósofos, e as pessoas que não se ocupam disso, vão vivendo, e vendo cada sentido a cada minuto de vida vivido.
Eu bem poderia arriscar a dizer que o sentido da vida é a morte, como disse Goethe “A vida é a infância da nossa imortalidade.", ao nascer já estamos morrendo, eis o sentido de tudo isso. E ao pensarmos muito sobre tal sentido, só paramos para esperar a morte nos agarrar, só perdemos o tempo da vida.
Mas somos ensinados a pensar na vida, porque senão seremos engolidos pelo tempo, e somos ensinados a correr. Que coisa sem graça, correr cansa, bom mesmo é passear. Pensar na vida, viver para trabalhar, coisa desnecessária a vida é tão simples bem disse a Kathleen Norris escritora Norte Americana, “basta aceitar o impossível, dispensar o dispensável e suportar o intolerável.”, é isso ai, talvez exista outro sentido para a vida, que é ignorar o que deve ser ignorado, fazer o que pode ser feito e esperar a morte. Não tem jeito, no final nos encontraremos com a morte.
Bem, se a morte é o sentido e o ponto final de tudo, não perca tempo fazendo essa pergunta, viva, se divirta, nunca deixa de ter em mente que o simples fato de existir já é divertido. Vale o poema do Rubem Alves:
“Compreendi, então, que a vida é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem que ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a VIDA inteira.”
Mas, se você tiver tempo, no último suspiro da sua vida faça essa pergunta, qual o sentido da vida, mas se não tiver tempo, não importa. Você viveu e a morte chegou, eis o sentido de tudo.