Quem sou eu? (uma crônica de orkut)
Respondendo a um desses questionários de perfil de orkut quase entrei em pane diante da pergunta quem sou eu. Não que eu leve a sério o orkut, ou queira que alguém que eu nem conheço e pouco me importa saiba quem sou através de uma ferramenta instantânea e superficial. Mas quem sou eu?
Uma epifania pintada em cores exageradas de que sempre escolhemos o caminho mais longo e com mais curvas porque o que vale é a escalada e não o estar no topo da montanha. Um gracejo do mundo para mostrar que nada é realmente sério e urgente, a não ser quando estamos apaixonados por algo, e de tão apaixonados esse algo se torna maior do que nós mesmos.
Uma brincadeira da vida para provar que não importa o que esperam de nós, sempre estamos dispostos a falhar, mas nem sempre a desistir e começar de novo. Uma prova que o que mais importa, o que realmente importa é se ter coragem e respeito, mas nem sempre teremos a coragem de respeitar o que nos é caro e ridículo para o mundo. E por mais que nos respeitem, existem momentos que simplesmente não importam, simplesmente não valem a pena, simplesmente não são.
Sou um tropeço, um soluço com jeito de sorriso, uma ave de rapina atrapalhada que derruba quem não devia chamar a atenção e que rouba dores na esperança de furtar amores. Um começar incessante, um arrancar sempre da subida e sempre com mais peso do que deveria ter. Uma vontade imensa de gritar, sorrir, chorar de alegria mesmo que nada que se veja valha a pena. Um desistir de coisas certas porque simplesmente não valem minha vida, um aceitar o momento, a dificuldade, o desespero de não enxergar nada além do que a lágrimas permitem.
Definitivamente um misturado de coisas desesperadas e loucas, urgentes, terminais, coberto por uma pele de alguém que tem certeza do que veio fazer e do que não deve fazer. Uma ebulição de sensações, sentimentos, momentos, cobertos por uma cara calma e confiante. Um eterno partir com cara de chegada. Um eterno desespero com cara de “hoje esta tudo bem querida, não se preocupe que vamos vencer”. A grossas linhas esse sou eu.