"DIFERENÇA E INDIFERENÇA"
DIFERENÇA E INDIFERENÇA
Ainda outro dia eu falava de dons, temperamentos, essa variedade de aptidões tão necessárias na vida humana, porque ele é o tempero que faz o movimento na vida, são as alternâncias de maneira de ser.
Não há duas pessoas iguais.
Somos todos diferentes, únicos, portanto, somos complementares. E é nessa alteridade que reside a beleza da vida.
Só não podemos deixar que essa visão de diferença afaste de nós aqueles que não pensam, não agem como nós. Precisamos respeitar a maneira de ser do outro não querendo convencê-lo ou atraí-lo para o nosso modo de pensar ou agir.
A importância da diversidade humana tem sido observada filosoficamente com interesse ético na convivência. Essa diferença na maneira de ser e de pensar do “outro” tem gerado inúmeros conflitos.
Aquele que não comunga com a maneira de pensar, que foge dos padrões convencionais de ação, tornou-se um desafio para a relação harmoniosa na sociedade.
Observamos isso diariamente, a dificuldade de relacionamento fraterno com os “diferentes”. E dessa incapacidade de compreensão aparece a Indiferença, que é a negação da diferença.
É um bloqueio nas reações do inconsciente para com aquele que é distinto do “EU”. E, uma vez não havendo harmonia e compreensão pela incompatibilidade, adota-se a exclusão afetiva como solução. E nessa base de desentendimento nasce a mágoa onde havia frágeis amizades.
A convivência torna-se um desafio, uma preocupação constante e crescente da humanidade, cuja atenção está sendo voltada para projetos educacionais na “habilidade de conviver” como ponto fundamental para os conteúdos das escolas do mundo inteiro.
No último milênio o homem estava todo voltado para o exterior, com os grandes avanços tecnológicos, projetos espaciais, descobertas científicas, formando-se a “Era do Homem Exterior”. Agora o homem está buscando suas conquistas interiores, conhecendo-se em profundidade, buscando dentro de si o amor sentido para aplicá-lo.
Isto é notado na busca pelo auto-conhecimento. O homem descobrindo o seu EU profundo, seu espírito, sua ligação transcendental com a divindade através de sua integração ao que é natural, procurando a sua harmonia física e psíquica. Buscando a alternativa dentro da própria natureza.
O homem, nessa busca de si mesmo, vai conhecendo seus sentimentos e procurando aperfeiçoá-los através da solidariedade, saindo do egoísmo, gerador de calamidades, violência e desrespeito.
Será o momento de compreender a alteridade dentro de atitudes mais espiritualizadas, reavaliando-se dentro do preceito ético e moral, buscando o desejo de melhorar, interiorizando-se para conseguir a transformação interior.
Somente através da conscientização poderemos chegar à compreensão do “outro”, mas dependerá do grau do amadurecimento para deixar de ver um adversário naquele que não pensa igual.
Com a nova posição de procurar compreender já estará afastando a indiferença para olhar com simpatia o diferente, analisando através da interiorização suas reações íntimas.
O homem precisará sair da Esfera Intelectiva para “sentir” o que não compreendia, procurando desenvolver a harmonia.
Numa análise para dentro, a busca do entendimento levará ao auto-conhecimento.
Somente através da sensibilidade para com a diferença alheia conseguirá alcançar a aceitação, a compreensão da importância dessa diversidade de aptidões.
A desigualdade torna-se fator importante para o crescimento pessoal. A alteridade do outro é vista com simpatia e compreendida como indispensável complementaridade.
Depois da compreensão e da aceitação, poderá haver harmonia e respeito pela sua maneira de ser.
E havendo harmonia e respeito haverá paz!
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L. STELLA MELLO