Crônica variada e quase surrealista
Edson Gonçalves Ferreira
Gregório de Matos tem razão, quando se refere aos políticos do Brasil: "A cada canto um grande Conselheiro,/que nos guer governar cabana e vinha:/não sabem governar sua cozinha/e querem governar o Mundo inteiro". Isso ele escreveu no século XVII e se aplica, perfeitamente, aos "homens de colarinho branco". É só da uma espiada pelo Brasil e ver, por exemplo, como anda o nosso povo... Ele foi chamado de "O Boca do Inferno", mas era, com certeza, a boca angelical, porque falava a verdade.
Hoje, quando se fala do caso da menina Isabela, exageradamente, colocando a população contra os pais e, ainda, não foi comprovada a culpa deles -- que eu saiba -- a gente fica pensando se a mídia não quer desviar a atenção do povo de algum assunto mais importante. Afinal, a alma da menina precisa descansar. Fico com dó dos pais dela por causa do pré-julgamento. Lembro-me de Cristo: "Quem não tiver pecado.... A justiça dos homens compete aos homens da Justiça e a justiça de Deus compete a Deus.
Quando páro para pensar em Deus, lembro-me de que ele está debaixo de qualquer pedra. Nunca pediu que fossem construídas catedrais. Basta lembrar que se dois estiverem reunidos no nome Dele, Ele ali estará. Assim, quando vejo tantos conflitos pelo mundo todo, lembro-me de que é importante amar a humanidade com toda a sua variedade. Zelar pela paz do mundo e pelo bem-estar de todos é dever de todos e, principalmente, dos políticos. Eles não são representantes do povo, ou melhor, traduzindo são nossos empregados, porque são pagos com o dinheiro dos nossos impostos.
Talvez seja por isso que a Educação no Brasil vai tão mal. Eles continuam querendo que o povo viva só de pão e de circo como na Roma antiga. Creio que, antes de morrer, vou chorar muito, porque amo a humanidade com suas dores e seus vícios. Amar o outro de forma idealizada é muito fácil. Sou poeta do bruto das coisas. Nunca busquei a poesia, eu sou a própria poesia que Deus me deu com Cruz e, portanto, minha poesia é feita de carne e luz.
Nunca pensei em me candidatar a um cargo político, se eu fosse, daria um jeito. Escreveria um projeto de lei e mandaria para o Senado, sugerindo que os políticos ganhassem apenas 10 salários-mínimo e que seus assessores recebessem o mesmo valor que recebe um professor, ou seja, 800 reais. Eles me xingar muito, mas que tal a gente fazer um projeto em comum e enviar para eles.
Na verdade, não me importo com os adjetivos com que me qualificam, basta-me saber que existo em toda a plenitude de ser humano, imagem e semelhança Dele como você. E, também, com Saulo de Tarso: "Sou o que sou, mas a graça de Deus não ficou sem efeito em mim". Agora, só para concluir pobreza econômica é fácil de ser superada com a dignidade do trabalho em países onde há um mínimo de justiça social, mas pobreza de espírito é imperdoável. Meus amigos são fáceis de ser amados e, por gostar deles, não há mérito algum. Valoroso mesmo é quem respeita os seus inimigos. Somos como as flores, renováveis.
Divinópolis, 21.04.08