SEU FLOR E SUAS QUATRO ESPOSAS
Quem pensa que hospital é lugar só de tristeza, doença e dor está muito enganado, pois lá acontecem coisas que até o diabo duvida e um desses casos é o do 'Seu Flor', assim chamado porque lembra bem a clássica personagem de Jorge Amado - a fogosa D. Flor - e seus dois maridos.
O paciente chegou ao hospital vítima de queda de altura, durante um delírio de paranóia, provocado pelo uso de drogas em que suspeitou que a companheira e alguns amigos, que estavam se divertindo fazendo um churrasco na lage ao lado, estavam indo matá-lo. Pra se salvar o cara pulou de uma altura de uns três metros da janela do apartamento da mulher, sendo salvo por um toldo ou será que foi um anjo disfarçado, já que quebrou apenas o fêmur quando daquela altura devia ter se estrupiado todo..
Aflita a mulher chamou o serviço de ambulância do Samu e trouxe o”marido” pro hospital, ficando com ele até de manhã e no outro dia uma surpresa – uma segunda - a outra - aparece dizendo ser a mulher verdadeira – a matriz . As duas se conheceram nessa situação inusitada e o malandro consciente, disse que nem conhecia a coitada da filial e que ela inventou essa relação, que é louca, que tudo não passava de estória dela, essas coisas que homem inventa quando é pego em flagra.
As duas se estranharam e brigaram lá mesmo no corredor, cada uma se arvorando de ser a verdadeira mulher do cara e precisaram ser separadas pelos funcionários que pediram a intervenção do Serviço Social. Elas então procuraram a assistente social pra que convencesse uma a outra de que “ela era a verdadeira mulher”. Só que a assistente social que não é boba, não quis se meter na história e tratou de esclarecer sua função, orientando que apenas uma poderia ficar como acompanhante e que elas é deveriam decidir junto com o paciente que, a essa altura, simulava um desmaio.
Ambas queriam ter direito a acompanhar o paciente, mas acabou vencendo a primeira, que continuou como acompanhante no corredor do hospital. E a outra, depois de perder alguns anos de sua vida com quem não lhe dá valor, decidiu buscar no fundo da alma o pouco de amor próprio que lhe restava e tocar sua vida, pois é formada com curso superior, independente e inteligente. Seu único defeito é preferir viver mal acompanhada do que só e também porque sofre do mal da maioria das mulheres carentes, amar demais.
Quando a segunda já havia se convencido a tocar sua vida sem o Don Juan, no outro dia eis que aparece uma terceira mulher procurando pelo mesmo paciente e dizendo que veio para acompanhá-lo e se intitulava sua 'esposa'. Os funcionários que já sabiam da estória e queriam ver o circo pegar fogo logo deram um jeito da terceira mulher entrar e novamente a primeira e a terceira ficaram frente a frente. E o malandro novamente negou que a conhecia. A primeira, dessa vez decidiu não mais perdoar o sacripanta, ficou uma fera e foi embora indiferente aos clamores do paciente que dizia ser ela a mulher dele e a terceira é que ficou com ele até no outro dia. Mas como não valia a pena "acender vela pra defunto ruim", uma noite em pé, num corredor acompanhando o paciente foi o suficiente pro amor acabar, pegou tudo que tinha trazido, foi embora deixando o paciente sozinho. Como diz o ditado "quem tudo quer tudo perde" e o coitado antes com tantas, agora sem nenhuma. E após dois dias sozinho ele recebeu alta.
Mas pra felicidade do infeliz, enquanto isso a segunda ficou na espreita, rondando o hospital e o paciente, sem mostrar as cara, só pra ver o desfecho do caso. Quando ela soube que ele recebera alta, pois muito esperta deixou telefone com os funcionários para ser avisada, tratou de levar o paciente pra sua casa, garantindo assim vigilância cerrada em cima do dom Juan e que ele não escapasse mais. Afinal homem tá virando um objeto raro, quem tem o seu, mesmo que tomado de outra, que segure. Marido então, tá mais difícil ainda.
E pra quem não acredita no outro dia apareceu no hospital uma quarta mulher também se dizendo “esposa” do paciente, trazendo roupa pro sortudo. Mas ele já havia recebido alta.
Escrito em 2008 e publicado no dia 20/04/08 -
Quem pensa que hospital é lugar só de tristeza, doença e dor está muito enganado, pois lá acontecem coisas que até o diabo duvida e um desses casos é o do 'Seu Flor', assim chamado porque lembra bem a clássica personagem de Jorge Amado - a fogosa D. Flor - e seus dois maridos.
O paciente chegou ao hospital vítima de queda de altura, durante um delírio de paranóia, provocado pelo uso de drogas em que suspeitou que a companheira e alguns amigos, que estavam se divertindo fazendo um churrasco na lage ao lado, estavam indo matá-lo. Pra se salvar o cara pulou de uma altura de uns três metros da janela do apartamento da mulher, sendo salvo por um toldo ou será que foi um anjo disfarçado, já que quebrou apenas o fêmur quando daquela altura devia ter se estrupiado todo..
Aflita a mulher chamou o serviço de ambulância do Samu e trouxe o”marido” pro hospital, ficando com ele até de manhã e no outro dia uma surpresa – uma segunda - a outra - aparece dizendo ser a mulher verdadeira – a matriz . As duas se conheceram nessa situação inusitada e o malandro consciente, disse que nem conhecia a coitada da filial e que ela inventou essa relação, que é louca, que tudo não passava de estória dela, essas coisas que homem inventa quando é pego em flagra.
As duas se estranharam e brigaram lá mesmo no corredor, cada uma se arvorando de ser a verdadeira mulher do cara e precisaram ser separadas pelos funcionários que pediram a intervenção do Serviço Social. Elas então procuraram a assistente social pra que convencesse uma a outra de que “ela era a verdadeira mulher”. Só que a assistente social que não é boba, não quis se meter na história e tratou de esclarecer sua função, orientando que apenas uma poderia ficar como acompanhante e que elas é deveriam decidir junto com o paciente que, a essa altura, simulava um desmaio.
Ambas queriam ter direito a acompanhar o paciente, mas acabou vencendo a primeira, que continuou como acompanhante no corredor do hospital. E a outra, depois de perder alguns anos de sua vida com quem não lhe dá valor, decidiu buscar no fundo da alma o pouco de amor próprio que lhe restava e tocar sua vida, pois é formada com curso superior, independente e inteligente. Seu único defeito é preferir viver mal acompanhada do que só e também porque sofre do mal da maioria das mulheres carentes, amar demais.
Quando a segunda já havia se convencido a tocar sua vida sem o Don Juan, no outro dia eis que aparece uma terceira mulher procurando pelo mesmo paciente e dizendo que veio para acompanhá-lo e se intitulava sua 'esposa'. Os funcionários que já sabiam da estória e queriam ver o circo pegar fogo logo deram um jeito da terceira mulher entrar e novamente a primeira e a terceira ficaram frente a frente. E o malandro novamente negou que a conhecia. A primeira, dessa vez decidiu não mais perdoar o sacripanta, ficou uma fera e foi embora indiferente aos clamores do paciente que dizia ser ela a mulher dele e a terceira é que ficou com ele até no outro dia. Mas como não valia a pena "acender vela pra defunto ruim", uma noite em pé, num corredor acompanhando o paciente foi o suficiente pro amor acabar, pegou tudo que tinha trazido, foi embora deixando o paciente sozinho. Como diz o ditado "quem tudo quer tudo perde" e o coitado antes com tantas, agora sem nenhuma. E após dois dias sozinho ele recebeu alta.
Mas pra felicidade do infeliz, enquanto isso a segunda ficou na espreita, rondando o hospital e o paciente, sem mostrar as cara, só pra ver o desfecho do caso. Quando ela soube que ele recebera alta, pois muito esperta deixou telefone com os funcionários para ser avisada, tratou de levar o paciente pra sua casa, garantindo assim vigilância cerrada em cima do dom Juan e que ele não escapasse mais. Afinal homem tá virando um objeto raro, quem tem o seu, mesmo que tomado de outra, que segure. Marido então, tá mais difícil ainda.
E pra quem não acredita no outro dia apareceu no hospital uma quarta mulher também se dizendo “esposa” do paciente, trazendo roupa pro sortudo. Mas ele já havia recebido alta.
Escrito em 2008 e publicado no dia 20/04/08 -