Costurando textos cheios de graça e poesia
Edson Gonçalves Ferreira
Começou a chover. O pior é que lá foi só lá fora, chove também dentro de mim. Feliz do homem que, ainda, é capaz de chorar perante a beleza gloriosa e sofrida da vida. Hoje, ao gravar Queremos Deus, conversei, longamente, com musicóloga Cecília Guimarães e, então, ela me falava da importância desses registros tanto para evangelização quanto para a História. Assim como o trigo é juventude dourada por um momento sobre a campina verde da vida.
Resolvi, então, depois que a chuva começou a voltar para a internet. O ficar a sós comigo e com vocês todos (desculpem-me os puristas, mas convosco é castiço demais!). Conhecemos uma pessoa sábia e importante pela magnificência de sua simplicidade. Odeio falar com máquina. Liguei para uma amiga e, então, caiu na secretária eletrônica. Xinguei um "merda" bem alto, porque pensar é existir múltiplas vezes. Agora, secretária eletrônica não pensa. Não dá para falar com ela, dá?
Você que está aí do outro lado da tela, lendo o que escrevo, sabe que pode interagir comigo. Precisamos de um pouco de sabedoria. A sabedoria é a roupa que envolve o espírito, transfigura-o no esplendor por todo o ser que a possui. Por isso, gente, acho que o caso da menina Isabela é um horror, mas o horror maior é o que a mídia está fazendo. Não param de falar desse caso e, quando a mídia faz isso, está querendo ocultar algo. _Será que é desviar a atenção da dengue ou das eleições?
Estou cansado de morar em um país com um governo que nada vê e nada faz. Falam de escolas includentes, mas o país está cheio de escola que nem prédio, nem carteiras, nem comida as crianças têm. Eles matam as crianças de uma outra forma, mas matam e parece que a sociedade não reage!... O amor só vale intensificado pela grandeza do espírito que a mão não toca e o tempo não consome.
E as crianças são como as flores, enfeitando a mesa da vida onde nós, frutos maduros, estamos prontos para a colheita do Senhor.
Assim, vou costurando os textos,lembrando-me de que não devemos chorar por nossas desgraças, porque cada dor provém de uma alegria recebida. Em cada ser humano que passa, enxergo a possibilidade do amor. De noite, antes de dormir, contemplo cada ponto de luz, sabendo que, em cada um deles, existem vidas cheias de luz, de um luz mais fulgurante que aquela que enxergo.
Assim, sorrio para a vida, quando, às vezes, tinha vontade de chorar, porque na variedade dos seres humanos, compreendo a polifonia da voz de Deus que se manifesta em cada ato amoroso. Deus é a minha paixão mais alucinada e é com Ele -- só com Ele -- com Quem travo, dia a dia, uma batalha terrível entre a minha carne e o meu espírito. Sinto o ruflar de asas celestes quando, ao sopro da inspiração, amando a humanidade, tomo a caneta e procuro
Deus na ternura das palavras poéticas. Ai, então, sinto-me como Moisés na sarça ardente.
Divinópolis, 20.08.08