NÃO ERA MOLEZA SER CAIXA
Durante treze anos fui caixa executivo no Banco do Brasil, primeiro em Macapá(AP), depois em Mossoró(RN). Essa atividade, em especial outrora, não era nada fácil. As máquinas autenticadoras, sem tecnologia avançada, eram daquelas que necessitavam de manivela quando faltava energia elétrica, as filas, imensas, e os clientes impacientes e críticos. Ninguém gosta de esperar, bem sei, contudo tenho por mim que raros pensam no funcionário ali sentado, sozinho para decidir sobre a autenticidade da assinatura no cheque, verificar o saldo, pedir documentos quando imprescindível e conferir a rubrica do portador, depois contar o dinheiro e pagar, tudo isso o mais rápido possível. Porque as pessoas enfileiradas ficam lançando olhares aborrecidos e murmurando sabe Deus o quê! Isso em relação aos pagamentos, imagine só aqueles depósitos em dinheiro velho, muitas vezes rasgado, num valor alto e com cédulas miúdas misturadas, que o caixa é obrigado a separar, catalogar, ter um olho clínico para perceber se a nota é legal e contar tudo somando na autenticadora(hoje chamam de terminal)para ver se o total registrado na guia de depósito bate com o volume entregue pelo cliente. O dia se mostrava insuficiente para atender tanta gente apressada e irritada. Todos queriam que o caixa os atendesse correndo. Esqueciam sua humanidade e consequentes necessidades como beber água, comer qualquer bagana para enganar o estômago e, óbvio, ir ao banheiro, além de atender ao telefone, ir à tesouraria pegar dinheiro, cumprir as ordens da chefia a todo instante, responder alguma indagação de quem chegava fora da fila ou pedir-lhe para ficar nela, conversar com os colegas da bateria(assim chamávamos o recinto dos caixas), etc e etc. Rotina de gente, afinal de contas. Só que a maioria dos frequentadores do banco não aceitava nem queria admitir. E que tal somar dez ou quinze cheques pressionando os botões da máquina(digitando não, pressionando mesmo) e puxando a manivela a cada valor registrado, quando faltava energia elétrica? Nada fácil, pode crer, principalmente se ao final nada batia com o valor indicado na guia de depósito e éramos obrigados a refazer a operação. Digo a vocês, não era moleza ser caixa de banco há trinta e cinco anos.
Durante treze anos fui caixa executivo no Banco do Brasil, primeiro em Macapá(AP), depois em Mossoró(RN). Essa atividade, em especial outrora, não era nada fácil. As máquinas autenticadoras, sem tecnologia avançada, eram daquelas que necessitavam de manivela quando faltava energia elétrica, as filas, imensas, e os clientes impacientes e críticos. Ninguém gosta de esperar, bem sei, contudo tenho por mim que raros pensam no funcionário ali sentado, sozinho para decidir sobre a autenticidade da assinatura no cheque, verificar o saldo, pedir documentos quando imprescindível e conferir a rubrica do portador, depois contar o dinheiro e pagar, tudo isso o mais rápido possível. Porque as pessoas enfileiradas ficam lançando olhares aborrecidos e murmurando sabe Deus o quê! Isso em relação aos pagamentos, imagine só aqueles depósitos em dinheiro velho, muitas vezes rasgado, num valor alto e com cédulas miúdas misturadas, que o caixa é obrigado a separar, catalogar, ter um olho clínico para perceber se a nota é legal e contar tudo somando na autenticadora(hoje chamam de terminal)para ver se o total registrado na guia de depósito bate com o volume entregue pelo cliente. O dia se mostrava insuficiente para atender tanta gente apressada e irritada. Todos queriam que o caixa os atendesse correndo. Esqueciam sua humanidade e consequentes necessidades como beber água, comer qualquer bagana para enganar o estômago e, óbvio, ir ao banheiro, além de atender ao telefone, ir à tesouraria pegar dinheiro, cumprir as ordens da chefia a todo instante, responder alguma indagação de quem chegava fora da fila ou pedir-lhe para ficar nela, conversar com os colegas da bateria(assim chamávamos o recinto dos caixas), etc e etc. Rotina de gente, afinal de contas. Só que a maioria dos frequentadores do banco não aceitava nem queria admitir. E que tal somar dez ou quinze cheques pressionando os botões da máquina(digitando não, pressionando mesmo) e puxando a manivela a cada valor registrado, quando faltava energia elétrica? Nada fácil, pode crer, principalmente se ao final nada batia com o valor indicado na guia de depósito e éramos obrigados a refazer a operação. Digo a vocês, não era moleza ser caixa de banco há trinta e cinco anos.