Nem, Freud, Explica
Fiquei desatualizado neste contexto cibernético/anestésico. O clamor das massas é alienação pura, adrenalina é passatempo e o tempo desgasta, como ferro enferrujado, navio afundado, cisterna abandonada, buraco sem saída, túnel sem luz no fim, lâmpada que não acende; busca frenética por prazer e uma centena de exemplos que não devem ser seguidos, zilhões, dinheiro jogado fora, desperdício, e eu na miséria, mentira e traição; covardemente assassinado por mim mesmo, vendi minhas idéias em troca de comida, tudo em troca de nada, fases que vão sendo ultrupassadas, vidas passadas? Repassadas, uma a uma, catálogos, amostras de um mistério não resovido, e nada de acontecer algo diferente, apenas a eterna espera, esperando o quê? Se tenho apenas a morte como consolação, esboço do desconhecido.
Daqui para a eternidade é um pulo. Suicídio involuntário? Radical? Extremismo? Preto e branco, tudo e nada, oito ou oitenta, saravá, oxalá, pqp, gritaria, histeria, mentes fundamentalistas, no terreiro e no vaticano, o pobre e o rico, a cilada está armada, a brincadeira é mais séria do que eu imaginava, e eu não estava imaginando nada, apenas seguia o curso natural das coisas, que coisas? Tudo acontecia como devia acontecer, aconteceu, e eu apenas vivi, não morri, é lógico, apenas mudei para a capital, que nunca tive, monetariamente falando, pensando alto, baixos, altos e baixíssimos rendimentos, mistura legal e ilegal, o congresso de recesso, a polícia de greve, no noticiário as últimas calamidades públicas, e o caminho de santiago ainda seduz, quem quer ser seduzido, mesmo com a tecnologia de ponta, e as modernas técnicas para se alcançar os níveis avançados de consciência, ainda respiramos apressadamente, tudo embalado e com receita, manual e tudo mais, garantia de devolução, tudo recomendado pelos especialistas e renomados e ilustres gurus do século vinte e um, via internet, é só mandar seu E-mail, orkut, e tudo o mais que houver nos meios eletrônicos de comunicação, real, virtual ou surreal, tá tudo lá, basta acessar, tem a senha?
Não gosto de certas palavras, apesar de ter que engoli-las, degustá-las, saboreá-las, dançar, conforme a música, formar frases para atormentar os gramáticos, para criticar os críticos e desarmar os desalmados. Foi neste contexto desarticulado que planejei escrever esta estória real, com ficção e tudo, recheando-a de ilustrações e gravuras para tocar o coração de quem for nela por os olhos, para deixar o cérebro atônito, atômico, assustado, como num filme de terror, deixando em suspense, suspensa, a imaginação, molecagem, traquinagem, pura diversão, com ela, diverso do que está acontecendo agora, misto de terrorismo e doutrinação, abominação, tudo que é contrário à vida, liberdade, alegria de viver, tudo que está escrito, é apenas uma metáfora de quem pensa mas não vive neste mundo, aliás, este mundo que não existe.