Traição, Infidelidade, Adultério

Logo pela manhã vejo no jornal que um universitário matou com cinco facadas a esposa de 22 anos, motivado por tê-la visto conversando na porta da padaria da esquina com um rapaz desconhecido. Ao depor na policia, o assassino disse que sentiu ciúmes, que amava demais a mulher e não suportou vê-la conversando com outro homem. Apurou-se depois que o suposto amante apenas pedia uma informação a vítima. Casada há cinco anos a mulher deixou quatro filhos, tendo o mais velho 4 anos de idade.

Ao olharmos para alguém interessante que não seja a nossa cara metade, estaremos sendo infiel ou não? Olhar para alguém com desejo, com cobiça é um ato de traição? Do ponto de vista religioso temos que observar que um dos mandamentos diz: ...Não cobiçar a mulher do próximo.

Na realidade, a infidelidade é ligada ao ato da traição, e não às fantasias e desejos que cada cônjuge possa a vir a ter durante o casamento.

O conceito de lealdade e fidelidade varia de casal para casal, ter relações sexuais fora do casamento para alguns casais, não implica em ser desleal ao parceiro. Mas isso não é uma regra.

Existem costumes e normas diferentes das nossas, de povos de diferentes regiões.

Entre os esquimós emprestar a esposa é um costume e sinal de hospitalidade. Quando um marido está ansioso para consolidar uma amizade e quer agradar seu novo companheiro de caçadas, pode lhe oferecer sua esposa para que ela tenha relações sexuais com ele, desde, que a esposa aceite. Com a concordância de todos, ela copula com o amigo do marido por vários dias ou semanas.

As mulheres também têm o costume de oferecer sexo a visitantes e estrangeiros, e o ato não é considerado crime ou delito. Já para os Iozis africanos, o relacionamento sexual não tem associação com o adultério. Porém, se um homem lozi acompanhar uma mulher que não faça parte da sua família em um simples passeio, ou se lhe oferecer cerveja ou rapé estará cometendo adultério.

Entre os kofyar da Nigéria o adultério é definido de forma completamente diferente. Se uma mulher estiver insatisfeita com seu marido, porém, não desejar se divorciar, pode arranjar um amante legítimo, com quem viverá. E não consideram tais relacionamentos extraconjugais como sendo adultério.

Para os homens gregos, no século IV a.C. os jogos sexuais eram seu passatempo preferido e eles se consideravam superiores às mulheres. O único crime sexual que poderia ser cometido por um homem grego era o coito realizado com a esposa de outro homem, em função do qual poderia ser condenado à morte.

Era comum que homens casados tivessem muitas parceiras extraconjugais e também encontros homossexuais com rapazes adolescentes.

Por outro lado, a mulher ateniense ficava confinada em casa desde o nascimento até o casamento e nada aprendia além de poucas tarefas domésticas e, em alguns casos, um pouco de escrita.

A mulher seria respeitada caso desempenhasse bem seus deveres como doméstica e como procriadora.

É interessante a frase atribuída a Demóstenes que retrata como eram os costumes sexuais dos gregos na época:

“As prostitutas, nós conservamos pelo prazer, as concubinas para cuidar da nossa pessoa e as esposas para nos proporcionar filhos legítimos e cuidar de nossa casa”.

Assim como os gregos, os romanos também não viam problema em manter muitos casos extraconjugais. Por volta do ano 100 a.C. muitos romanos encaravam o adultério como algo justificável. O dote da esposa de um patriarca romano achava-se inteiramente em seu poder e ele podia controlar-lhe todos os atos. O marido podia castigar a esposa caso ela cometesse uma falta e se ela fosse culpada de adultério, ele tinha o direito de matá-la.

A lei da época definia adultério como a união sexual com a esposa de outro homem. Se o homem flagrasse a esposa com outro, poderia matá-la sem julgamento, mas se ela o visse com outra mulher, não tinha a liberdade de fazer nada a respeito. Desta maneira, fica claro o padrão de dupla moral que caracterizou e caracteriza ainda, várias civilizações na história.

Os castigos aplicados às mulheres adúlteras eram terríveis, tais como:

Nos vales do Tigre e Eufrates incluíam, no caso das mulheres, execução ou ter seu nariz decepado. Em outras regiões eram o açoitamento público, a marcação com ferro quente, o espancamento, a mutilação dos genitais, a decepação das orelhas, a retalhação dos pés, o abandono, a morte por apedrejamento, fogo, afogamento, sufocamento, arma de fogo ou golpes de punhal.

Cortar a ponta do nariz como punição por adultério ainda é uma tradicional forma de mutilação conjugal e é aceita como uma prática cultural, apesar de ser incomum, na República do Kiribati e em outras ilhas da Micronésia.

O objetivo de cortar o nariz da esposa adúltera era destruir e desfigurar um importante aspecto da atratividade sexual, o seu rosto.

Será que evoluímos? Já estamos tratando as mulheres com o respeito merecido?

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 18/04/2008
Reeditado em 07/08/2008
Código do texto: T951107
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.