QUANTAS ISABELLAS SÃO MATADAS ?

As mortes hediondas de João Hélio e Isabella, como gritos de socorro de uma nação que já está no fundo do poço, são apenas alguns dos casos que, talvez com a ajuda de Deus, chegaram à mídia.

Todos os dias há pessoas, principalmente crianças, jovens e mulheres, sendo vitimas da decadência ética e moral em que começamos nos afogar desde a segunda metade do século passado.

Certa vez perguntei a um médico quais as restrições que deveria observar na minha refeição. A resposta foi até bem humorada: - Você não comendo pedra, tijolo, areia e cimento, pode comer o que quiser “MODERADAMENTE”, isto é: qualquer coisa em excesso faz mal. Esta brincadeira daquele médico ficou gravada no meu pensamento, para o resto da vida. Tudo em excesso faz mal.

É o que vem acontecendo conosco, nossa família, amigos e sociedade em geral, desde aquela época em que começamos a nos libertar dos ditos costumes arcaicos e preconceituosos. Lutamos pela liberdade de imprensa, pela emancipação da mulher, pelos direitos humanos, etc. Mas não soubemos saborear nossas conquistas “MODERADAMENTE”, não respeitamos limites, a educação e a cultura começaram a ser minadas, sob a displicência das autoridades responsáveis.

O resultado foi a esclerose múltipla que está matando até nossa língua pátria, a segurança pública que depende mais do comando de organizações criminais do que das autoridades legais, a tributação insaciável que suga o suor e o sangue do produtor, do empresário e do trabalhador mais do que no período da Inconfidência Mineira. Faz muito tempo que não se ensina na escola o Hino Nacional, o respeito às leis e o amor ao próximo.

Antigamente, professores(as) amavam seus alunos e até podiam se orgulhar de alguns deles, afinal eram respeitados por todos aprendizes e seus pais. Hoje professores(as) temem seus alunos e com razão, pois muitos já foram vítimas da violência de adolescentes e até crianças, muitas vezes incentivados(as) por pais que passam aos filhos a idéia de que professores(as) são apenas seus servidores.

Na atual era dos Pet Shops, enquanto animais têm tratamento cinco estrela, seres humanos ainda morrem abandonados em filas de hospitais, nos quais falta o mínimo para atender-se com dignidade. Por outro lado, como em Sodoma e Gomorra, a folia de mensalões, cartões corporativos, verbas de gabinete, etc., vai rolando às mil maravilhas, ignorando a destruição da nossa natureza, o desrespeito à propriedade, a exploração das drogas e prostituição, que continuam em todos os níveis da sociedade.

Mais importante do que punir os assassinos de João Hélio e Isabella é começarmos a fazer alguma coisa para combater essa inversão de valores, enquanto ainda há tempo. Estamos próximos de mais uma eleição e a maioria de nós nem conhece os candidatos e seus projetos. Por mais que se tenha antipatia por política é hora de prestar atenção nesses elementos, dos quais dependerão nossas vidas. Além de enfrentar as urnas, com consciência e responsabilidade, temos que aumentar também a disciplina de nossos próprios atos, principalmente em nossos lares. Vamos nos salvar, antes que seja tarde.

SP. 17/04/08

Fernando Alberto Salinas Couto