HÁ MUITO O QUE CONTAR
Aos vinte anos, acalentando no coração os sonhos de ser feliz no amor e na profissão, fui nomeado pelo Banco do Brasil para tomar posse na agência localizada na cidade de Macapá, à época capital do Território Federal do Amapá. Eu tinha sido aprovado em concurso e era chegada a hora de assumir meu posto. Só que eu não esperava jamais ser designado para uma localidade tão distante de minha terra. Afinal de contas, alguns jovens conterrâneos haviam sido indicados para cidades do nosso Estado e até mesmo para Mossoró, onde morávamos. Por outro lado, Macapá, para mim, não passava de um ponto geográfico a ser decorado nas aulas como mais uma desconhecida capital do Norte cujo topônimo fica na lousa da sala de aula por instantes, mas era logo esquecida, em pouco tempo não tínhamos mais a menor idéia sobre ela. Mas, como não havia meios de mudar a indicação feita pelo banco, resignei-me. Estava em jogo o meu futuro e eu precisava muito daquele emprego, fora um verdadeiro presente de Deus para o jovem de 19 anos sem muitas perspectivas caso não tivesse sido aprovado naquele concurso do Banco.
Além de saber que a cidade para onde eu iria era a capital do Amapá, nada mais a respeito eu tinha conhecimento. Fui ao posto do IBGE à procura de subsídios e descobri inexistir qualquer dados completos ou mesmo simples apontamentos sobre ela, a não ser uma mera página de um livro antigo com pequeno texto nada elucidativo e onde se via, para meu espanto, um pobre desenho mostrando um índia sentada com a filha no colo. Porém, malgrado o temor do desconhecido, e pensando somente em dar o primeiro passo para minha carreira de bancário, fechei os olhos e enfrentei meu destino. Em breve, eu pensei, peço transferência para qualquer outra cidade onde possa ingressar numa faculdade e concluir meus estudos. E fui, arrebatado pela esperança, em busca de dias melhores. Pela primeira vez na vida viajei de avião, hospedando-me num hotel em Belém, onde pernoitei, despesas todas pegas pelo banco. Foi uma verdadeira aventura para quem nunca tinha saído de casa senão para as localidades vizinhas, nunca para outro município localizado a uma distância superior a cem quilômetros. Lá ia eu agora, trêmulo e encabulado, pela primeira vez viajando de avião, ao lado de passageiros desconhecidos e bem vestidos, percorrendo o espaço brasileiro a novecentos metros de altura e a quase mil quilômetros por hora, para uma cidade sobre a qual eu praticamente nada sabia, mas sabendo que estaria concretizando o sonho de tornar-me funcionário de uma das maiores e melhores instituições financeiras do País. Isso foi em 1973. Ainda há muito o que contar.
Aos vinte anos, acalentando no coração os sonhos de ser feliz no amor e na profissão, fui nomeado pelo Banco do Brasil para tomar posse na agência localizada na cidade de Macapá, à época capital do Território Federal do Amapá. Eu tinha sido aprovado em concurso e era chegada a hora de assumir meu posto. Só que eu não esperava jamais ser designado para uma localidade tão distante de minha terra. Afinal de contas, alguns jovens conterrâneos haviam sido indicados para cidades do nosso Estado e até mesmo para Mossoró, onde morávamos. Por outro lado, Macapá, para mim, não passava de um ponto geográfico a ser decorado nas aulas como mais uma desconhecida capital do Norte cujo topônimo fica na lousa da sala de aula por instantes, mas era logo esquecida, em pouco tempo não tínhamos mais a menor idéia sobre ela. Mas, como não havia meios de mudar a indicação feita pelo banco, resignei-me. Estava em jogo o meu futuro e eu precisava muito daquele emprego, fora um verdadeiro presente de Deus para o jovem de 19 anos sem muitas perspectivas caso não tivesse sido aprovado naquele concurso do Banco.
Além de saber que a cidade para onde eu iria era a capital do Amapá, nada mais a respeito eu tinha conhecimento. Fui ao posto do IBGE à procura de subsídios e descobri inexistir qualquer dados completos ou mesmo simples apontamentos sobre ela, a não ser uma mera página de um livro antigo com pequeno texto nada elucidativo e onde se via, para meu espanto, um pobre desenho mostrando um índia sentada com a filha no colo. Porém, malgrado o temor do desconhecido, e pensando somente em dar o primeiro passo para minha carreira de bancário, fechei os olhos e enfrentei meu destino. Em breve, eu pensei, peço transferência para qualquer outra cidade onde possa ingressar numa faculdade e concluir meus estudos. E fui, arrebatado pela esperança, em busca de dias melhores. Pela primeira vez na vida viajei de avião, hospedando-me num hotel em Belém, onde pernoitei, despesas todas pegas pelo banco. Foi uma verdadeira aventura para quem nunca tinha saído de casa senão para as localidades vizinhas, nunca para outro município localizado a uma distância superior a cem quilômetros. Lá ia eu agora, trêmulo e encabulado, pela primeira vez viajando de avião, ao lado de passageiros desconhecidos e bem vestidos, percorrendo o espaço brasileiro a novecentos metros de altura e a quase mil quilômetros por hora, para uma cidade sobre a qual eu praticamente nada sabia, mas sabendo que estaria concretizando o sonho de tornar-me funcionário de uma das maiores e melhores instituições financeiras do País. Isso foi em 1973. Ainda há muito o que contar.