Quem comanda?
Um dia um amigo ficou sem andar por uns tempos.
Aliás, andava, mas não com o comando dos pés. Utilizava-se de um par de muletas para se locomover. Querendo saber de sua saúde mandei um recadinho:
- Você já está sendo comandado pelos seus pezinhos? Depois que a mensagem se foi fiquei a refletir. Ora, quem comanda é a cabeça, não os pés.
No dia seguinte encontrei no meu e-mail a resposta da mensagem que havia enviada. E ele dizia:
- Ainda estou comandado pelas muletas. Elas são teimosas. Não obedecem ao que meu cérebro informa. Quero ir para a direita e elas não flexionam sempre duras, autoritárias, escolhendo o lugar para descansar. Ponho-as apoiadas numa cadeira e elas resolvem deitarem-se no solo. Enquanto isso meus pés acham graça:
- Viu? Em mim você mandava.
Continuei minha reflexão após essa leitura. Na verdade, é a cabeça quem manda. Mas, a cabeça manda bem quando se está ligada ao sistema. No caso do amigo, a cabeça mandava e os pés obedeciam. Isso quando o sistema corporal estava em perfeita harmonia. A muleta não faz parte do sistema, por isso é audaciosa, orgulhosa, não quer receber ordens.
Pensei cá com meus botões, ordem ninguém gosta de receber. E pensei em sugerir ao amigo:
- Seja mais dócil com as muletas!
Será que surtiria efeito essa tática? Pensando bem, acho que não. Elas não fazem parte do sistema, esse é o problema. Daí, minha reflexão tomou amplitude e comecei a pensar no sistema educacional, no sistema empresarial, no sistema político. “O cabeça”, comandando bem as pernas obedecem?
No caso do Brasil, por exemplo, o problema está na cabeça ou nos pés? Se o sistema não está a contento, não está em harmonia, os pés adoecem e temos que recorrer “as muletas”. E pela extensão do nosso país ele deve ter muitos pés. Nesse instante estou comparando o nosso país com um “polvo” ou uma “lula”. Precisa uma boa “cabeça” para comandar tantos pés ou tentáculos. Imagine esse sistema em “pane” a quantidade de muletas que serão necessárias, cada qual com sua autonomia, seu poder e seu autoritarismo?
Isso seria o “caos”...