Nada Mais
Não, não quero lhe falar de coisas vãs, de vis costumes, do dia a dia. Da coca cola na lanchonete da esquina, do ir e vir das gentes da cidade, das luzes de néon, do cotidiano.
Saco!
Não me peça para dizer palavras tão normais ou, quem sabe, um verso imbecil rimando amor e dor.
Não quero isso, nada disso!
Aliás, não quero nada de frases construídas, bonitinhas, só para impressionar.
Peça-me, por exemplo, uma longa estrada sem fim.
Uma distante estrela lá pelos confins da Via Láctea... Duvida?
Posso, se não puder trazê-la, ao menos tentar prendê-la na luz de teu olhar. Sabe...
Eu quero a paz do luar derramado numa praia distante, quero o murmúrio do mar quebrando na areia branca, teu corpo tombando ao sabor do vento norte.
Quero as palavras; as tantas palavras que não ouso dizer. Quero o silêncio, o doce silêncio de um olhar, teu olhar no meu olhar, a paz de teu sorriso, e nada mais...
Nada mais, nada mais ou...
Tudo mais.
Olympio Ramos