A fome dos leõezinhos
É engraçado ver os leõezinhos atacando suas prezas. Geralmente são de todo inexperientes. Não conseguem controlar seus desejos sexuais. Quando estão prestes a conhecer sua sexualidade os leõezinhos ficam nervosos. Nota-se essa inquietação pelos olhares, pela forma errônea com a qual se comunicam. Tudo que desejam é atacar. Pensei com essas palavras ao ver dois garotos, no auge de seus doze ou treze anos, creio. Estávamos todos no ponto de ônibus, enquanto esses leõezinhos tentavam seduzir sua preza: uma garota da mesma faixa etária. Ela, por sua vez, flertava. Tornava o jogo mais difícil, embora totalmente acessível. Tudo que ela queria era deixar os leõezinhos suados. Bons predadores gostam de correr atrás de suas prezas.
Comida muito fácil perde o sabor, o encanto, o prazer. Mas se tratando de leões novos, logo se vê a imaturidade verbal e sexual. O problema dos novatos é açodamento. Vão com muita sede ao pote. Isso não os torna bons predadores. O Leão que se preze tem inteligência, atitude na hora certa e não fala o que pensa, fala o que deve ser dito. Assim, ele ganha a preza da forma mais carnal possível. Como se fosse o lado superficial do relacionamento. Começamos no sexo, depois se virar amor é lucro. Pobres leõzinhos, estão famintos, no início da puberdade, o descontrole emocional é compreensível.
Isso me faz lembrar do meu primeiro caso amoroso. Sempre fui muito lerdo para sexualidade em si, meu beijo de língua surgiu aos dezesseis anos, em um dia chuvoso de outubro. Meses mais tarde eu conheceria minha primeira namorada. Tanto eu, quanto ela, éramos desvirtualizados. Descobrimos nossas tentações carnais juntos. Foi uma relação picante. Gostava dessa época, de um leãozinho inocente passei a ser um leão mais convicto, certeiro e experiente. Mesmo assim, sinto que me deteriorei em parte nesse período. Tudo muito precoce, em questões de meses.
Hoje já não cobiço mais ser leão. Sou adepto às verdadeiras intenções. Com algumas recaídas, ainda acredito no poder do amor entre os seres humanos. É claro que o sexo é relevante. Contudo, prefiro deixar as prezas para quem acha quer ser leão é simplesmente matar a fome primitiva e leviana. Pobres leõezinhos, ainda têm muito o que aprender.