O Espelho da Madrasta da Branca de Neve
Eu tenho sentido o mundo mergulhado numa perversa contradição. Se busca saúde, melhor qualidade de vida usando essa expressão para definir "beleza". Aliás, essa "beleza" alguns buscam desesperadamente, como a Madrasta da Branca de Neve.
Estive lendo uma crônica ótima sobre as mulheres que de tanto usar Botox, de tanto fazer lifithing, já não tem mais cara de gente, parecem umas coisas estufadas, ostentando bocas a la Jolie, nem sempre condizentes com suas fisionomias.
Isso é loucura. As pessoas querem qualidade de vida e se submetem à moda, as coisas mais fúteis, mais dolorosas e, às vezes, às mais perigosas. Então qualidade de vida é ficar mais bonito a qualquer preço?
Qual a definição real de beleza?
Pode-se dizer que a Gisele B. é uma moça bonita, e é mesmo. Pode-se afirmar que a Jennifer Lopez é uma moça bonita, e é verdade. Entretanto elas não são as únicas mulheres bonitas do mundo, e as mulheres mais "bonitas" do mundo também não são as únicas mulheres do mundo. Dá-se o mesmo com os homens; bonitos há, entretanto não existem apenas os bonitos.
Primeiro por que definir beleza é uma coisa muito complicada. Bonito segundo quem? Por que eu acho lindo um homem meio gordinho, que usa bigode e barba cheia (meu marido é assim); há quem prefira os magrelinhos (meu genro é desse jeito); há mulheres para quem apenas indivíduos beirando o Giannechine servem. Conheci uma criatura que não quis mais o namorado por que ele não se enquadrava no seu "padrão" de beleza (além do social). Padrão?
Padrão para mim é coisa de raça de cachorro. Gente não tem padrão. Gente é gente. Os valores morais tem peso, sim, num relacionamento, já o "padrão de beleza", ao meu ver é coisa duvidosa.
Quantos feiosos não fariam felizes aquelas que procuram Giannes? Quantas feiosas não dariam de bom grado o melhor de si para aqueles tolos que vivem com infernais réplicas da Barbie?
Deixa-se passar oportunidades de relacionamento maravilhosas, deixa-se escapar entre os dedos a chance de ser bem sucedido afetivamente, por que se está procurando um indivíduo segundo os "padrões". Deixa-se enfim, de experimentar viver sem dar importância ao que a "sociedade" impõe como regra não falada, não escrita e velada: "Faça o que dizemos".
Enfim, busca-se qualidade de vida, mas qualidade de vida perfeita não é ser integralmente feliz, ou o mais próximo disso? Qualidade de vida não é ter alguém ao lado para dividir sonhos?
Onde o "espelho" da Madrasta da Branca de Neve entra nisso?