EU JÁ ACREDITEI QUE...

 

A Religião unificaria o mundo, a Ciência me daria todas as explicações, a Filosofia me mostraria a verdade, a lei faria justiça, a arte me revelaria toda a beleza do universo, a paz seria uma realidade em todo planeta, o casamento era indissolúvel, as famílias seriam berço de uma sociedade equânime, os sonhos se realizariam, os homens não se matariam, a fome acabaria, o amor venceria o ódio, as flores substituiriam o canhão, todas as crianças teriam escolas, os pais teriam emprego, o sexo seria responsável.

 

 Eu não sabia que os homens traduzem a palavra de Deus segundo os interesses de suas religiões; a ciência tem limitações; a verdade está mais na procura que no encontro; as leis são instrumento de barganha nas mãos inescrupulosas de alguns juristas; a verdadeira beleza está no coração que vê; a guerra, segundo alguns é o caminho para paz (?);  os laços sangüíneos não se desfazem, mas as relações de afeto se desgastam; os sonhos às vezes são abortados pela cruel realidade, o homem mata e justifica seu ato em nome do amor, o ódio veste-se de outros sentimentos e faz morada nos corações feridos, os jardins são destruídos pelos tanques de guerra, as crianças sonham mais com comida que com escola, os pais usam seus filhos para mendigar e o sexo virou mercadoria.

 

Eu acreditei em tantas mentiras que algumas verdades me escaparam, mas descobri que apesar de tudo, é possível, ainda, acreditar no ser humano, pois a mesma espécie que criou a bomba também criou a penicilina. Que apesar da dor ainda existe alegria, que sempre haverá alguém disposto a amar, acreditar e fazer a vida acontecer da forma mais bonita e suave. Que apesar da fome e da guerra o homem ainda encontra meios para sonhar, ser feliz e plantar sementes de paz. Eu sei que nunca terei todas as respostas, mas jamais deixarei de questionar, de buscar a verdade, que por mais que se fale em guerra eu sempre defenderei a paz; continuarei lutando em defesa da família e da educação e nunca abrirei mão dos princípios que regem minha vida. 

 

Eu não deixei de acreditar... Apenas tirei as lentes cor-de-rosa...

 

 

 Da Série Mulher Madura (!?)

 

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 15/04/2008
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T946641
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