Og Mandingas

Og - Mandingas Berenice Heringer

Para ouvir, basta escutar. E para entender tem que se prestar atenção e pensar...

Antonio Abujamra, glória da nossa intelectualidade, entrevistava uma senhora dona vera martins, colunista social. Veramente, meus preclaros e escuros, chamo esses falastrões e escrevinhadores de calunistas. Em Roma, como os romanos.

Nilton Cardoso, ex governador das Geraes, em visita oficial aos States, foi recebido com honras e uma faixa onde se lia:"Well come Nilton." Aí ele disse muito indignado para um assessor: "Se Well come Nilton, Nilton também come Well." E estamos conversados. Nunca antes uma recíproca fora tão rápida e contundente.

A tal dama do programa do mestre Abujamra quer que os bois, cães e cavalos sejam tratados como gente. Mas não adiantou em qual categoria ela se enquadra...Disse que lê Joseph Murphy, Og Mandino e Norman Vincent Peale. Ela está atrasada três décadas. Já li todos esses manuais, pois é melhor entrar na coisa antes que a coisa entre em você, como já dizia CGJung. Tem gente que diz: "não li e não gostei." Duas negativas justapostas se invalidam, pois menos com menos dá mais. Agora sou adepta da lei de Murphy. Se alguma coisa pode dar errado, na certa é que dará. A tal dama de quem falo mal aqui, apesar de não me chamar Malaquias, acredita piamente no controle mental e no poder do pensamento positivo. Também no cultivo de uma alta auto-estima. Muitos caíram nessa balela nos anos setenta. Inclusive eu. Quando descobri que NVPeale suicidou (não uso o pronome se reflexivo com o verbo suicidar. Sui já significa a si mesmo ou em si mesmo) e que Og Mandino era americano e não oriental, assim como o outro papa do ocultismo e da new wave do panteísmo, Lobsang Rampa, um prosáico inglês que nunca saiu de sua ilha, mas sabia tudo sobre o Tibete, desisti de vez desses engambeladores. Todos ficaram famosos e milionários. E fizeram escola e nessa esteira rolante apareceram Lair Ribeiro, Roberto Shinyashiki (que conheço pessoalmente de um curso em BH), e os pastores evangélicos que fazem o banho de descarrego e a sessão mágica da prosperidade. Além dos exorcismos...Juntando-se a magia com o poder da mente, abrem-se outra vez as águas do mar vermelho e aproximam-se as pedras do rochedo de gibraltar. E a montanha vem a Maomé. Mas isto já é islamismo, que pode descambar para fundamentalismo osama-bin-ladênico. O caldo de cultura nesse Brasilzão ferve e tem mais ingredientes do que o caldeirão do Huck. Acho que o LH é o próprio Hulk. Só falta a vestimenta verde. Estou falando aqui de personagens e personalidades. E de como o povão se apega aos eróis (sem agá) e se esquece dos aerossóis que destroem o ozônio e aumentamo buraco na protetora camada atmosférica. A superstição e a crendice embotam o entendimento e todos permanecem emburrecidos. O medo, a crença no sobrenatural, o fanatismo, é tudo aquilo que o padre Quevedo desmascara há mais de três décadas. Três pulinhos para são longuinho, um gole de pinga pro santo, a vela de sete dias, e mais uma pá de rituais está levando todo mundo a adquirir a síndrome do pânico, à bipolaridade, à ciclotimia, ao TOC e mais de 130 transtornos listados no DMS-IV, a bíblia do psiquiatra clínico moderno. Agora tudo é tratado com a farmacologia. Os incensos e velas são mais prejudiciais do que o cigarro. Quando acesos em cômodos fechados, também em igrejas e mosteiros, por longo tempo, liberam um veneno mais letal do que a nicotina e o alcatrão, o chamado hidrocarboneto policíclico, que causa alergias respiratórias, bronquite e câncer na bexiga e pulmão. Já pensou o estrago da vela-de-sete-dias, além do perigo dos incêndios nos barracos e tendas de óxossi? Vila Velha, 13/04/08

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 15/04/2008
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