Tripla traição
Seu Nonô, um senhor aposentado e sem família, morava em um quarto alugado em uma casa de família. Para ser mais preciso, um apartamento. Tinha um romance com Teresa, uma cabrocha nota... 7, vá lá! Safada que nem ela só, mantinha paralelamente outro romance com Raimundo, mais ou menos nas mesmas condições que a de seu Nonô. Ele lá, ela cá. Não se sabe como, Raimundo descobriu a existência de seu Nonô e ainda seu endereço. E partiu para tomar satisfações. D. Alaide, a senhoria, chegava da feira e era ajudada a carregar as sacolas por seu Nonô. Na portaria estava Raimundo, furioso.
- Você é o Nonô ?
-Sim. Porquê?
-Então é você que está me traindo com a Teresa, né?
Seu Nonô antevendo que poderia haver agressões mútuas, convidou Raimundo para irem até seu quarto para conversarem, sob os olhares estupefatos de D. Alaide. Para surpresa dela, ouvia gargalhadas e confidências.
- Imagine que no mês passado dei uma geladeira nova para ela. Disse que a dela queimou.
- E eu dei uma TV novinha também. Disse que a dela pifou. Não tinha conserto. Sem som e sem imagem.
E foram contando suas benevolências. Cada um querendo demonstrar ser mais otário que o outro.
Teresa enganava dois. Dois enganavam Teresa.
Sem tiros, facadas, tapas, etc. conviviam harmoniosamente. E Nonô e Raimundo tornaram-se amigos sem o conhecimento de Teresa, é claro.
Embora chifrudos, eram autênticos cavalheiros.
Me mudei desse edifício. Não sei como acabou esse romance tríplice.