Pérolas aos porcos
Segundo o dicionário Aurélio, humildade significa virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza; modéstia, pobreza; respeito, reverência; submissão. Modéstia significa ausência de vaidade; despretensão, desambição, simplicidade; reserva, pudor, decência, gravidade, compostura ou moderação, sobriedade. Ainda há no mesmo dicionário, palavras como caráter (de bom feitio moral; de boas e sólidas convicções) e simplicidade (qualidade do que é simples, do que não apresenta dificuldade ou obstáculo; naturalidade, espontaneidade, elegância; caráter próprio, não modificado por elementos estranhos; forma simples e natural de dizer ou escrever; elegância; ingenuidade, desafetação; sinceridade, franqueza. Para dizer a verdade, a grande pergunta a ser feita é: será que o exercício diário desses hábitos, que podem ser adquiridos ou treinados, está sendo feito regularmente pela maioria da população? Provavelmente não. As provas estão claras como a água, basta apenas um exercício leve de observação de conduta para perceber que poucos são aqueles que conseguem morrer da mesma forma como nasceram, ou seja, desprovidos de vaidade (qualidade do que é vão, ilusório, instável ou pouco duradouro; desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens; vanglória; presunção, fatuidade; coisa fútil ou insignificante; frivolidade, futilidade, tolice). Um breve olhar à volta basta para perceber a transformação sofrida por alguns homens e mulheres que, travestidos de senhores da verdade absoluta, reinam em palácios públicos com se donos desses fossem. Ora senhores, donos do que? Alguns acreditam ser donos do mundo, ser a mão que balança o berço, ser a roda essencial, ou como dizem os populares, a última bolachinha do pacote. Quanto engano. Mal sabem eles o que dizem as bocas santas ou malditas do povo. Sim o povo. Formado por aqueles que detêm, na grande maioria das vezes, o poder de dizer, quase sempre com razão, a verdade, essa sim, absoluta. Infelizmente, muitas vezes sufocada por alguns trocados ou por restos que servirão para alimentar suas almas, estômagos e corrompê-los. Ainda há que ter fé no povo, nas pessoas simples, na esperança de modificar o panorama. Dias melhores sempre vem, e como vem. Já dizia uma certa ministra há anos atrás, antes de pôr a mão na poupança alheia: No fim tudo acaba bem; se ainda não está bom, é porque o fim ainda não chegou. Sábias palavras, por mais irônico que seja, já que seu fim não foi tão bom assim. Enfim, existem outras palavras no dicionário, tidas como de menor importância, já que o que basta é o poder a qualquer custo e, atropelar os outros para consegui-lo é o que importa. Que tal honestidade (qualidade ou caráter de honesto; honradez, dignidade; probidade, decoro, decência; castidade; pureza; virtude, ou quem sabe sinceridade (qualidade de sincero; franqueza, lealdade, lhaneza, lisura; boa-fé)). Será que Aurélio Buarque de Holanda, o homem que reuniu em uma obra única, as palavras mais ditas na linguagem popular brasileira, poderia um dia imaginar que dentro dos seus dicionários, estariam estas pérolas? Certamente não. Então, que tal finalizar o texto com a mais bela de todas, pelo menos para aqueles que são desprovidos de sentimentos ruins? Que tal felicidade (qualidade ou estado de feliz; ventura, contentamento; bom êxito; êxito, sucesso; boa fortuna; dita, sorte).