PRISIONEIROS DO MEDO

Quando tento falar às pessoas que vivem e se chocam dentro da sociedade onde vivo, fico pasmo diante do medo com que elas se colocam perante um mundo que as aprisiona como se fossem animais.

Preferem uma mentira à verdade, se iludem com ilusões que foram criadas para aprisioná-los e rejeitam contundentes verdades que se apresentam diante delas.

O medo os coloca como reféns de igrejas e associações que se arvoram defensoras de certos valores que são considerados reais.

Enquanto tento argumentar, uns riem e se colocam diante de mim de uma forma agressiva como se eu estivesse falando de coisas proibidas, que pudessem colocar em risco as suas pobres vidas que já de há muito se acham perdidas.

Observo tudo o que ouço e de forma ousada, tento argumentar, mas sou colocado diante de um amontoado de seres que já há muito venderam suas almas. Eles temem um Deus que os coloca diante do demônio para que possam optar qual o seu caminho.

Ao tentar mostrar meus argumentos, fico sozinho, enquanto alguns se afastam com sorriso de mofa, como se eu estivesse praticando o mais vil dos crimes.

Eles tudo podem, inclusive blasfemar, apenas a verdade não é aceita. A verdade é uma velha carrancuda que lhes exige uma constante procura, enquanto a mentira, mulher fogosa, se despe diante deles e os atrai com todas as suas falsas verdades.

Quando ainda tento reverter tudo de forma que possa livrá-los das enganações a que estão sujeitos, eles preferem ficar onde estão o medo os impede de tentar andar com suas próprias pernas.

Hoje eu fico dentro de uma sociedade já há muito órfã da inteligência, que possa impulsionar a todos, rumo a um porto seguro onde a sabedoria não seja apenas uma palavra vazia.

O sabido, a raposa, este sim tem passagem franca em todos os cantos, pois ele usa de todos os artifícios que precisa para enganar. A mentira é seu deus.

O meu sofrimento passa a ser ainda maior, pois a cada palavra que falo, ouço os velhos e antigos chavões e disparates que a tudo justifica para todos aqueles que se sujeitam viver prisioneiros do medo.

È nessa hora que uma das mais antigas máximas volta à tona. “Não jogueis pérolas aos porcos”

Enquanto prossigo os passos que ousei andar, enfrento as feras que surgem a todo o instante. Passo sobre os fossos que foram criados para impedir a minha caminhada. Mesmo sozinho, vou lutando como um guerreiro solitário, tentando vencer os obstáculos que surgem como se fossem feras a serem vencidas.

E consciente daquilo que penso e sou, passo a questionar a mim mesmo: “Até quando teremos que lutar contra mentes tão pequenas que se sujeitam ao cativeiro do medo a pesquisar e perquirir sobre si mesmo?”

Enquanto esta luta desigual se trava, eu enfrento uma horda de pobres diabos, reféns de igrejas e de homens que a todos compra com a ignorância e o medo.

assim sendo, percorro no mundo o resto do tempo que falta para completar minha caminhada, vejo homens e “animais” conviverem dentro das cidades, sem nunca poderem comungar das mesmas idéias.

29/05/03-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 08/04/2008
Reeditado em 21/06/2022
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