Taubaté e Tatuapé

Hoje em dia todos estão se achando... O pior é que se desnortearam e nem se deram conta.

Joãozinho e Maria se perderam na floresta, irremediavelmente, e os demais estão se procurando... Pêlo em ovo, chifre em cabeça de cavalo e cadê o toicim questavaqui. Entretanto, a vaca nem estava cá e o seu suspiro não arranca estaca...

A moiçola rouba o omen da outra e, tarde da noite, descobre que ele é um psicopata. Mas não arreda pé. Arranja dois rebentos. Enquanto isso, a outra meninazinha se estatela no gramado verde do condomínio de luxo. Até os estetas ficam estarrecidos e começam a reconstituir a cena do filme de terror. E tudo corre em sigilo de injustiça.

Parece que os homens não têm a mínima noção de semeadura, sementeira ou semiaridez. Polígonos das secas, recôncavos baianos, baixadas fecundantes.

Vasectomia urgente, em massa, antecipada e progressivamente. Antes que o mal cresça é melhor podar o rabo desses espermatozóides espertos. Já que não se pode mais (segundo o CRMV) permitir que os cãozitos de estimação sejam desorelhados e fiquem cotós.

A velhinha de Taubaté quer bater, com tauba, até. Vai botar pra quebrar. Não tem nada a perder e já está se achando, ainda que esteja na tábua da beirada. Muita hora nessa calma...

Todos os tatus estão motorizados. Brasília cabe todinha dentro dos veículos circulantes que

circulam lá. Oh! lalá! Ou LaLola, (tremendo sucesso). Mas a recíproca não é verdadeira. Acho que esse terror é o trem circuladô de fulô de que nos fala o brilhante Caetano

Vans clandestinas, com destino ignorado e prodedência idem. Peruas nordestinas e samambaias rebolativas e gordinis obesos. Ah! Também a brasília-amarela dos Mamonas.

O tatu pode ser eleito o símbolo do povão brasileiro: desdentado, carapaça dura, furando buracos, caçando saúvas. Monteiro Lobato disse que a saúva vai matar o Brasil.

Esse tatu-a-pé quer ser motorizado de qualquer jeito. Pode ser em 70 meses de pendura (te segura, peão!) no consignado, no leasing sem IOF, um assalto. E muitos veículos surrupiados, sem nem um pio...E o trânsito e o tráfego já trânsitos e tresnoitados formam uma fila estanque de 160 quilômetros. E todos continuam se achando, teimosamente. Perdidos numa noite suja, numa terra estranha, longe do barraco, mas ainda querendo se acasalar.

Se não há mais espaço viável para os veículos se locomoverem, por que as montadoras desovam todo dia milhares de baratas (caras) nos seus respectivos pátios? Os loucos fingem que se locomovem e os sensatos descem dos saltos e começam a saltitar entre as pedras da ignorância e a pular as poças da insensatez, quase se atolado de vez nos monturões de lixo das embalagens descartáveis. Mentira. Elas não se descartam. Vão durar 400 aninhos...

O acarajé frito no dendê é a cultura afro-baiana mais endeusada. O bio-combustível entope as veias de todos, mas alguns aventam a hipótese de que as artérias congestinadas são uma síndrome da terceira idade. Não têm nada a ver com a capital soteropolitana e outras megalópolis. Isto é coisa de véios e véias. Os veios de ouro há muito se esgotaram das minas gerais. Mas o grão da multiplicação progride, possessa e freneticamente.

Vila Velha, 1º de abril de 2008. Berenice Heringer

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 08/04/2008
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