Prá não dizer que não falei das flores
Pela manhã o sol brilhava em Curitiba. Prometia ser um belo dia, apesar de que lá em um mesmo dia pode chover,fazer sol, esfriar e esquentar. Com relação ao tempo não se pode garantir nada.
Aquele foi um dia plenamente ensolarado.
Na entrada do Edifício Tijucas, um dos mais conhecidos na cidade, havia uma loja de discos.E esta loja executava uma bela canção.O som estava mais alto do que costumeiramente se ouvia.Parei e prestei atenção à letra. Fiquei surpreso ante a ousadia daquela loja, ainda estavamos no regime militar e trecho da música parecia ser provocativo ¨...há soldados armados, amados ou não...
Creio, não me lembro bem, que era sábado. Caso contrário não estaria perambulando por ali. Logo uma pequena fila se formou. Curioso aproximei-me. A fila era para adquirir um compacto simples, de capa vermelha. De quem? De Geraldo Vandré.
Entrei na fila e adquiri o disco. Não sabia o nome da música; já ouvira falar do autor.Retirei o compacto da capa e vi. O título da música. Ela mesma, aquela de quem eu apenas ouvira breves comentários: PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES.
Desnecessário dizer que por bastante tempo ela foi sucesso. O motivo de ter sido liberada: era o ocaso da ditadura militar.
A partir daí as emissoras passaram a executar CÁLICE de Chico Buarque, as canções da até então proibida Mercedes Sosa...
Chega, enfim, o fim tão esperado da ditadura militar.Esperanças de um Brasil Novo, de uma Nova República.
Hoje, o que vemos? Assistimos a algo tão nefasto quanto a uma ditadura.A era do chumbo, foi substituída pela era do vil metal. Hoje somos obrigados a conviver com o alto índice de corrupção que assola este país.
Pior. O vírus da ditadura não foi extinto. Tenho a impressão. Tomara que seja apenas impressão de que o vírus ressurge na América do Sul. É tão contagioso quanto a dengue.
Para evitarmos a ditadura e combater a corrupção. Talvez devessemos usar a mesma arma que utilizamos contra a dengue. Ou seja, limpar os quintais. Nossa arma: o voto.(Vão me perguntar: E o povo sabe votar? -Lamentavelmente a resposta já é conhecida.)