E s c r a v i d ã o

Estamos retornando a uma época de escravidão. Em tempos passados a escravidão foi o domínio do homem sobre o homem. Leis, guerras surgiram para libertar o homem do domínio material e do direito de vida e morte e quase que nada adiantou. Hoje existe escravidão em pleno fim do século vinte. Os homens tornam-se escravos, vendem-se aos mais poderosos, procurando viver as suas custas e à sua sombra.

Em virtude disto o homem vende sua liberdade para conseguir sobreviver.

Mas afinal que vida é esta?

O que acontece é fácil ser visto e talvez até possa ser analisado.O mais fraco procurando viver sob a tutela do mais forte torna-o ainda mais forte e com isso se enfraquece.

O problema é sério, pois a maioria ainda não admite tal realidade, muito embora ela exista.Acredito que o grande responsável pelo que está acontecendo seja o medo que sente o homem de si mesmo e preferindo a pseudo-segurança, se vende perdendo com isso a própria liberdade.

Os conceitos mudam e com a mudança deles o homem procurando justificar um ato, faz o que não deve. O bem e o mal se confundem. A escravidão das consciências é a mais notada. Os mais ricos compram a consciência dos pobres por alguns tostões e alguns atrativos de prazer.O honesto passa a ser motivo de mofa e zombaria, enquanto o desonesto passa a ser visto como sábio e inteligente.

Honesto é aquele que possui grande riqueza, embora muita das vezes conseguida a custa dos outros ou de maneiras e modos inconfessáveis.O sábio passa a ser medíocre e o medíocre a ser considerado sábio. Esta inversão de valores é o que mais se nota neste fim de século e ciclo.

O modo de conceituar tem sofrido nos tempos atuais uma verdadeira metamorfose. Sábio não é mais aquele que detêm conhecimentos e sim aquele que soube burlar mais vezes a lei.

Sábio e sabido passam a ter o mesmo valor.

A justiça e o direito já não mais andam juntos. A justiça passa por uma fase de estrangulamento e se assim continuar logo estaremos tendo vergonha das atitudes que poderíamos considerar honesta.

A continuar as metamorfoses conceituais no ritmo atual, preocupa-me o futuro e poderemos até antever o caos generalizado por falta de uma lei que seja obedecida. Se assim continuarmos iremos criar o lobo em casa e a ovelha deverá ser perseguida como animal perigoso.

Aí está o perigo.

Os caminhos são distintos, mas o homem os confunde e com isso estamos seguindo a trilha que não deveríamos. Estamos caminhando a passos largos sem olhar à frente e o único resultado que se pode esperar é cair na areia movediça que a todos traga sem distinção.

Devemos, pois, estar conscientes de nosso papel como homem e como membro de uma sociedade em evolução, sem nos deixarmos envolver pela ganância e pela opulência desmedida que nos leva ao orgulho e conseqüente queda.

12/11/72

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 02/01/2006
Reeditado em 10/10/2007
Código do texto: T93555