NUNCA MAIS TOMAREI MOÇA ROUBADA !
Namôro no sertão há algum tempo, era coisa séria. Moça roubada era questão de vida ou morte. Envolvia honra e implicava em muitos casos extremos. Era como moça bulida, se o rapaz não casava, casaria com o revolver do pai dela.
Na pequena cidade de Almino Afonso, no interior do Rio Grande do Norte, aconteceu um caso desses. Ednir, minha irmã, nunca esperou que uma situação tão intrigante viesse acontecer logo com ela, que sempre procurou criar os filhos com disciplina e amor. Luiza começou a namorar aquele rapaz, que tinha fama de beberrão e irresponsável na cidade. Nas pequenas cidades do interior, todos se conhecem. Mas o fogo da paixão não escolhe ninguém, quando quer queimar. Quando seus pais falaram que não poderiam concordar com aquele namoro, surgiu o inesperado: O rapaz a roubou e a colocou justamente na mesma rua, numa casa em frente à sua..
Isto gerou uma revolta muito grande. Os familiares de Ednir, estavam todo tempo acompanhando este transtorno. Falam que "o que olhos não vêem, coração não sente". Para piorar a situação, o rapaz chegou a ameaçar qualquer pessoa da família dela, que viesse se intrometer no caso.
Minha irmã resolveu ir a Mossoró, pedir socorro à família. Ela se compadeceu muito. Depois de muito chorar, colocando em jogo a honra da família, resolveram me chamar. Logo eu, que nunca briguei com ninguém e que tenho verdadeira aversão à violência.
Todavia, minha mãe, pediu-me que fosse lá resolver o problema. Confesso que tremi. Como eu iria tomar uma moça roubada? Certamente o rapaz não iria concordar comigo. Na diplomacia, não seria mais possível resolver. E para resolver na brutalidade, ai não era comigo não. Mas a palavra de minha mãe, era uma ordem.
Chamei outro irmão. Pegamos algumas armas e viajamos. A noite era escura e estrelada. Resolvemos passar por Caraúbas e assim poderíamos chamar mais gente. Afinal, a missão o exigia. Passamos então na fazenda Pedra Pintada, de outro irmão. Já éramos quatro, para enfrentarmos o valentão, pois Socorro minha irmã, também resolveu enfrentar a batalha. Convidamos, finalmente Antônio, um sobrinho, sob a recomendação de meu irmão, e com este time de cinco pessoas, partimos para o objetivo em foco: Tomar Luiza das mãos do namorado valentão.
Combinamos que na chegada, ficariam dois no carro, de prontidão, com as armas em punho, o motor funcionando, dando cobertura a outros dois que se posicionariam na porta da casa, ou qualquer outro local, no intuito de segurar, até na marra, a moça roubada. Foi a viagem mais longa da minha vida. Eu escutava, a todo instante, as pancadas fortes do meu coração. Parecia mais um tambor, batendo acelerado.
Assim fizemos. Lembro que quando paramos, rapidamente, o carro em frente ao local combinado, o casal estava sentado na calçada. Ao gritarem: Chegaram os tios de Luiza, o rapaz se levantou e correu em disparada....Enquanto isso, puxamos a nossa sobrinha pelo braço e a colocamos no carro. Tudo isto foi feito em fração de segundos. Meu irmão acelerou o carro e voltamos à toda velocidade.
Voltamos para Mossoró. Luiza chorava baixinho. Isto era por volta de meia noite. A poeira era enorme naquelas estradas. Sempre que víamos luzes dos faróis de outros carros, pegávamos as armas, com a adrenalina à mil. Por garantia, ainda naquela noite, viajei para a casa de praia, no intuito de despistar qualquer tentativa de resgate.
Luiza passou a morar lá em casa. Estudou em bons colégios, juntamente com minhas filhas e ajudou na padaria.
Hoje ela está bem casada, com outro rapaz, tem uma família linda. Nunca entendi, se meu gesto foi correto. O que me consola, é que minha sobrinha Luiza me quer muito bem e não guardou nenhum trauma, deste episódio tão grotesco e violento.
Mas uma coisa eu garanto: Nunca mais tomarei moça roubada....
Namôro no sertão há algum tempo, era coisa séria. Moça roubada era questão de vida ou morte. Envolvia honra e implicava em muitos casos extremos. Era como moça bulida, se o rapaz não casava, casaria com o revolver do pai dela.
Na pequena cidade de Almino Afonso, no interior do Rio Grande do Norte, aconteceu um caso desses. Ednir, minha irmã, nunca esperou que uma situação tão intrigante viesse acontecer logo com ela, que sempre procurou criar os filhos com disciplina e amor. Luiza começou a namorar aquele rapaz, que tinha fama de beberrão e irresponsável na cidade. Nas pequenas cidades do interior, todos se conhecem. Mas o fogo da paixão não escolhe ninguém, quando quer queimar. Quando seus pais falaram que não poderiam concordar com aquele namoro, surgiu o inesperado: O rapaz a roubou e a colocou justamente na mesma rua, numa casa em frente à sua..
Isto gerou uma revolta muito grande. Os familiares de Ednir, estavam todo tempo acompanhando este transtorno. Falam que "o que olhos não vêem, coração não sente". Para piorar a situação, o rapaz chegou a ameaçar qualquer pessoa da família dela, que viesse se intrometer no caso.
Minha irmã resolveu ir a Mossoró, pedir socorro à família. Ela se compadeceu muito. Depois de muito chorar, colocando em jogo a honra da família, resolveram me chamar. Logo eu, que nunca briguei com ninguém e que tenho verdadeira aversão à violência.
Todavia, minha mãe, pediu-me que fosse lá resolver o problema. Confesso que tremi. Como eu iria tomar uma moça roubada? Certamente o rapaz não iria concordar comigo. Na diplomacia, não seria mais possível resolver. E para resolver na brutalidade, ai não era comigo não. Mas a palavra de minha mãe, era uma ordem.
Chamei outro irmão. Pegamos algumas armas e viajamos. A noite era escura e estrelada. Resolvemos passar por Caraúbas e assim poderíamos chamar mais gente. Afinal, a missão o exigia. Passamos então na fazenda Pedra Pintada, de outro irmão. Já éramos quatro, para enfrentarmos o valentão, pois Socorro minha irmã, também resolveu enfrentar a batalha. Convidamos, finalmente Antônio, um sobrinho, sob a recomendação de meu irmão, e com este time de cinco pessoas, partimos para o objetivo em foco: Tomar Luiza das mãos do namorado valentão.
Combinamos que na chegada, ficariam dois no carro, de prontidão, com as armas em punho, o motor funcionando, dando cobertura a outros dois que se posicionariam na porta da casa, ou qualquer outro local, no intuito de segurar, até na marra, a moça roubada. Foi a viagem mais longa da minha vida. Eu escutava, a todo instante, as pancadas fortes do meu coração. Parecia mais um tambor, batendo acelerado.
Assim fizemos. Lembro que quando paramos, rapidamente, o carro em frente ao local combinado, o casal estava sentado na calçada. Ao gritarem: Chegaram os tios de Luiza, o rapaz se levantou e correu em disparada....Enquanto isso, puxamos a nossa sobrinha pelo braço e a colocamos no carro. Tudo isto foi feito em fração de segundos. Meu irmão acelerou o carro e voltamos à toda velocidade.
Voltamos para Mossoró. Luiza chorava baixinho. Isto era por volta de meia noite. A poeira era enorme naquelas estradas. Sempre que víamos luzes dos faróis de outros carros, pegávamos as armas, com a adrenalina à mil. Por garantia, ainda naquela noite, viajei para a casa de praia, no intuito de despistar qualquer tentativa de resgate.
Luiza passou a morar lá em casa. Estudou em bons colégios, juntamente com minhas filhas e ajudou na padaria.
Hoje ela está bem casada, com outro rapaz, tem uma família linda. Nunca entendi, se meu gesto foi correto. O que me consola, é que minha sobrinha Luiza me quer muito bem e não guardou nenhum trauma, deste episódio tão grotesco e violento.
Mas uma coisa eu garanto: Nunca mais tomarei moça roubada....