O QUE É A POESIA?
(Segundo o Aurélio: 4. Aquilo que desperta o sentimento do belo. 5. O que há de elevado ou comovente nas pessoas e nas coisas. 6. encanto, graça, atrativo. Poesia Pura. Corrente da poesia moderna que renuncia à expressão de sentimentos individuais e ao material anedótico.)
Muito tenho me perguntado o que é poesia. E dentro dessa pergunta, encaixam-se outras tais como: para que serve, como pode ser usada, o que permite, o que abrange... Quais são os limites do uso da linguagem no sentido do que chamamos poético?
Ocorreu com um amigo. Ele me pediu opinião sobre um poema. Pediu-me que comentasse. Disse-me que era autobiográfico, embora isso não fosse mencionado no texto. Era a história da vida de seu pai. Um belo poema escrito sobre uma história marcante. Terminava com um palavrão. Eu li o poema, mas não fiz nenhum comentário. Quando ele, insistindo, perguntou-me se tinha lido o poema, eu disse que sim, mas que não havia escrito nada porque achava que um poema tão belo, sobre uma figura tão importante da vida dele, não deveria terminar com um palavrão. Ele não gostou. E olhem que havia pedido sinceridade... Ficou mais de dois meses sem fazer contato comigo...
Considero a poesia uma criação estética. E entendo que a Estética busca a manifestação e a preservação do belo. Reconheço que isso pode ser feito de duas formas: por exaltação e por contraste.
O contraste inclui a crítica, a sátira. Pode ser um caminho, sem dúvida, mas não sei se é o melhor. Imaginem fazer uma música horrível só para que se reconheça que a Nona Sinfonia é excelsa? Isso não é absolutamente necessário!
A sátira, a ironia, o erotismo, a poesia social, sem dúvida foram utilizadas por autores consagrados. Se considerarmos, porém, o conjunto de tudo que foi produzido até os dias de hoje, as obras que a nossa cultura e a nossa civilização conhecem, produziram e produzem ainda, em sua quase totalidade, são obras que visam exaltar o belo.
Na criação do gênio muito é permitido. Mas nem todos são Picasso, Van Gogh, Maiakowsky, Bocage, Dvorak, Stravinsky e outros mais da mesma estirpe que possam ser lembrados nas diversas áreas que a arte abrange.
Se ao gênio qualquer licença é permitida, o mesmo não se aplica a nós, pequenos vermes roendo as beiradas da criação artística. O mínimo que nos cabe é seriedade e bom gosto no uso dessa migalha de dom que nos foi concedida.
Saindo da linguagem científica, na qual se buscam termos precisos e especificamente conotativos, toda linguagem, toda fala, toda escrita inclui o sentido denotativo, tanto na poesia quanto na prosa.
É próprio da juventude, expressar as idéias de forma contestatória, rebelde, e isso tem sua função. Convivo com isso. Já passei por isso. Posso compreender, encarar com naturalidade. Mas do poeta, do criador maduro, espero um uso mais responsável da palavra e do dom que recebeu.
Particularmente, deixo para a prosa algumas formas de reflexão social e cultural, de expressão específica e mesmo necessária, importante. Quando escrevo uma poesia, creio que essas questões transparecem, mas espero que seja de forma suave e refletida, embora não me considere um autor vinculado à “Poesia Pura”.
Reconheço que há vertentes específicas para determinados temas e formas de expressão. Na pintura eu pensaria na caricatura versus retratos e na charge versus cenas. Mas não imagino um impressionista mesmo dos mais modernos, alguns com seus belos trabalhos circulando em enexos pela internet, ocorre-me Iman Maleki, mas há outros, utilizando sua técnica para compor uma charge ou uma caricatura. Seria um desperdício. Há diferenças na utilização de pontos e de traços. Há vertentes específicas para cada intenção a ser expressa, manifesta.
O poeta, pelo menos como eu o entendo, realiza um trabalho meticuloso na poesia que ele cria. Busca as palavras ricas em significados, sonoridade, pronunciabilidade, musicalidade. A literatura é um instrumento sério que vem evoluindo ao longo da história da humanidade letrada, cumprindo um papel filosófico e estético. Há grandes autores, escolas, correntes literárias que nos damos ao trabalho de estudar. Deve ser porque reconhecemos sua importância e valor. Há inúmeros aspectos da criação que envolvem vocabulário, gramática, figuras de estilo, estrato fônico, versificação (em suas formas orientais e ocidentais) estrofação e muitos outros tópicos envolvidos...
Com tanto potencial em mãos nos cabe ter humildade e responsabilidade. A escrita é livre e lúdica; a poesia também. Ainda por comparação, podemos pensar que existem as brincadeiras de “mau gosto” e que muitos as praticam. A TV mostra isso a todo instante e muitos se divertem: a humilhação do outro, o ridículo, a exposição da intimidade, a ironia, a satirização, a cilada, o palavrão, a vulgarização do sexo.... A lista é grande.
E nós, poetas, fazemos parte dessa maioria?
(Segundo o Aurélio: 4. Aquilo que desperta o sentimento do belo. 5. O que há de elevado ou comovente nas pessoas e nas coisas. 6. encanto, graça, atrativo. Poesia Pura. Corrente da poesia moderna que renuncia à expressão de sentimentos individuais e ao material anedótico.)
Muito tenho me perguntado o que é poesia. E dentro dessa pergunta, encaixam-se outras tais como: para que serve, como pode ser usada, o que permite, o que abrange... Quais são os limites do uso da linguagem no sentido do que chamamos poético?
Ocorreu com um amigo. Ele me pediu opinião sobre um poema. Pediu-me que comentasse. Disse-me que era autobiográfico, embora isso não fosse mencionado no texto. Era a história da vida de seu pai. Um belo poema escrito sobre uma história marcante. Terminava com um palavrão. Eu li o poema, mas não fiz nenhum comentário. Quando ele, insistindo, perguntou-me se tinha lido o poema, eu disse que sim, mas que não havia escrito nada porque achava que um poema tão belo, sobre uma figura tão importante da vida dele, não deveria terminar com um palavrão. Ele não gostou. E olhem que havia pedido sinceridade... Ficou mais de dois meses sem fazer contato comigo...
Considero a poesia uma criação estética. E entendo que a Estética busca a manifestação e a preservação do belo. Reconheço que isso pode ser feito de duas formas: por exaltação e por contraste.
O contraste inclui a crítica, a sátira. Pode ser um caminho, sem dúvida, mas não sei se é o melhor. Imaginem fazer uma música horrível só para que se reconheça que a Nona Sinfonia é excelsa? Isso não é absolutamente necessário!
A sátira, a ironia, o erotismo, a poesia social, sem dúvida foram utilizadas por autores consagrados. Se considerarmos, porém, o conjunto de tudo que foi produzido até os dias de hoje, as obras que a nossa cultura e a nossa civilização conhecem, produziram e produzem ainda, em sua quase totalidade, são obras que visam exaltar o belo.
Na criação do gênio muito é permitido. Mas nem todos são Picasso, Van Gogh, Maiakowsky, Bocage, Dvorak, Stravinsky e outros mais da mesma estirpe que possam ser lembrados nas diversas áreas que a arte abrange.
Se ao gênio qualquer licença é permitida, o mesmo não se aplica a nós, pequenos vermes roendo as beiradas da criação artística. O mínimo que nos cabe é seriedade e bom gosto no uso dessa migalha de dom que nos foi concedida.
Saindo da linguagem científica, na qual se buscam termos precisos e especificamente conotativos, toda linguagem, toda fala, toda escrita inclui o sentido denotativo, tanto na poesia quanto na prosa.
É próprio da juventude, expressar as idéias de forma contestatória, rebelde, e isso tem sua função. Convivo com isso. Já passei por isso. Posso compreender, encarar com naturalidade. Mas do poeta, do criador maduro, espero um uso mais responsável da palavra e do dom que recebeu.
Particularmente, deixo para a prosa algumas formas de reflexão social e cultural, de expressão específica e mesmo necessária, importante. Quando escrevo uma poesia, creio que essas questões transparecem, mas espero que seja de forma suave e refletida, embora não me considere um autor vinculado à “Poesia Pura”.
Reconheço que há vertentes específicas para determinados temas e formas de expressão. Na pintura eu pensaria na caricatura versus retratos e na charge versus cenas. Mas não imagino um impressionista mesmo dos mais modernos, alguns com seus belos trabalhos circulando em enexos pela internet, ocorre-me Iman Maleki, mas há outros, utilizando sua técnica para compor uma charge ou uma caricatura. Seria um desperdício. Há diferenças na utilização de pontos e de traços. Há vertentes específicas para cada intenção a ser expressa, manifesta.
O poeta, pelo menos como eu o entendo, realiza um trabalho meticuloso na poesia que ele cria. Busca as palavras ricas em significados, sonoridade, pronunciabilidade, musicalidade. A literatura é um instrumento sério que vem evoluindo ao longo da história da humanidade letrada, cumprindo um papel filosófico e estético. Há grandes autores, escolas, correntes literárias que nos damos ao trabalho de estudar. Deve ser porque reconhecemos sua importância e valor. Há inúmeros aspectos da criação que envolvem vocabulário, gramática, figuras de estilo, estrato fônico, versificação (em suas formas orientais e ocidentais) estrofação e muitos outros tópicos envolvidos...
Com tanto potencial em mãos nos cabe ter humildade e responsabilidade. A escrita é livre e lúdica; a poesia também. Ainda por comparação, podemos pensar que existem as brincadeiras de “mau gosto” e que muitos as praticam. A TV mostra isso a todo instante e muitos se divertem: a humilhação do outro, o ridículo, a exposição da intimidade, a ironia, a satirização, a cilada, o palavrão, a vulgarização do sexo.... A lista é grande.
E nós, poetas, fazemos parte dessa maioria?