Encontro Celestial
Ligo a televisão. Imediatamente sou bombardeado por notícias desagradáveis. Assaltos, assassinatos, golpes financeiros, pacotes, etc. Quase entro em pânico ao perceber que cada dia fica mais difícil sobreviver neste “mundo cão’’.
Decido então, sonhar acordado para manter meu equilíbrio psíquico. Assim chego no céu. Lá, sob a sombra de uma nuvem, uma mesa de bar, um chapéu de palha e um charuto, esperam o seu dono. Calmamente, como se caminhasse pela sua Copacabana, chega Tom Jobim. Senta, bebe um chope gelado, e aguarda o amigo Vinícius. Em poucos minutos, aparece o poetinha com seu violão nas costas e seu inseparável copo de uísque. Tom dedilha as teclas do seu piano e tem início o show.
Gonzaquinha, que estava no seu quarto escrevendo poesias de esperança, decide participar. Carlos Drummond, como bom mineiro, observa em silêncio, tendo ao lado John Lennon, que começa a duvidar que o sonho tenha acabado.
Rita Hayworth chega esbanjando sensualidade, com suas lindas curvas, confirmando que “nunca existiu uma mulher como Gilda”. Ayrton Senna passa em alta-velocidade com sua máquina voadora, acenando a bandeira do Brasil, mostrando, como sempre, seu imenso carisma.
Não muito longe dali, Garrincha, com suas pernas incrivelmente tortas, faz de “joão” seus adversários, para alegria do povo do céu.
Como não podia faltar, Henfil, com seu sorriso satírico, desenha no seu pasquim celestial, enquanto Betinho comanda mais uma ação pela cidadania.
Encontro também meu amigo Freud e aproveito para descrever meu sonho, porém somos interrompidos por Jung, dando início a uma calorosa discussão.
O telefone toca. Caio da real, ou melhor, no país do real, e me bate uma saudade de Fellini que transformava em sétima arte nosso mundo, com muito amor e sensibilidade.