O amor nunca parte.

Um amor nunca parte. Ficam os cheiros, os hábitos, os livros repletos de suas pálpebras, a solidão acompanhada. Um amor nunca parte. Fica o delírio do corpo a espera das mãos, o delírio do copo sem espera nenhuma, fica a ausência da embriaguez que se queria sua. Um amor nunca parte, fica o seu perfume povoando todos os lugares, sendo todos os lugares, residindo na pele da alma, perfumando o tom da voz, dando cheiro ao corpo da ausência. O cheiro do amor é algo insuperável, onipresente, é algo insinuante. É uma existência tão dentro que não sabemos nossa.

Na memória poética, fica a doçura do olhar, a ternura das mãos, o choro mansinho, o sorriso brotado quando triste. Ficam na pele os atalhos que suas mãos construíram e que não mais levam ao prazer.

Um amor nunca morre, ele nasci em outro lugar da nossa alma. Um amor nunca parte inteiro porque nunca esteve pleno, foi sonho mesmo o real lhe acontecendo.

O amor e sua partida vieram do mesmo ventre. O amor existe do jeito que sonha; sua partida existe do jeito que doe.

Alessandro Palmeira
Enviado por Alessandro Palmeira em 07/04/2008
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