NO PAITO OU NO TAIÉ

Quase passei fome por falta de um dicionário...

Adivinhem onde?

Minas, claro...

Mais precisamente em Lavras...

A cidade era uma gracinha (dá-lhe Hebe) e resolvi parar para o pernoite...

Encontrar hotel até que não foi difícil...

Achei um baratinho, no centro da cidade...

Naquela época, Lavras devia ter só a faculdade de Agronomia e o centro...

Difícil foi quando notei que havia esquecido de colocar calças na mala...

De dia, dirigindo na estrada, com sol, a bermuda era suficiente...

À noite, naquele friozinho de julho, não ia dar...

O hotel não tinha nem café da manhã, quanto mais serviço de quarto...

Duas opções...

Ou passava frio e ia procurar um local para jantar de pernas de fora ou ficava no calorzinho do hotel com fome...

Fome, tô fora...

Comentei na portaria se havia alguma loja aberta na cidade após as 19 horas...

Deram-me uma esperança e fui procurar...

Encontrei uma loja que impedi de fechar e com a paciência típica da região, a balconista foi me trazendo calças para experimentar...

Comecei a achar que mineiro é fora de padrão...

Do meu padrão esfomeado daquela época...

As calças quando serviam na cintura, faltavam na perna...

Quando serviam na perna, sobravam na cintura...

Meia perna protegida é melhor que a canela toda de fora...

Consegui uma que deixava só o tornozelo de fora...

Roupinha de bailarino... Modelo pescador...

Como diria minha avó...

Pula brejo...

Pensei com meus zíperes...

Manhã de manhã, cumpade pára numa cidade maior, dessas que tem “shopi” e compra uma que caiba o defunto todo...

Só faltava forrar o estômago...

Que felicidade...

Uma rua com barzinhos...

A cidade já não era tão pequena...

A crônica é minha e a cidade aumenta e diminui ao meu critério...

Escolhi um que servia pizzas...

Uma dica...

Pizza mineira é ao contrário...

A mozarela fica embaixo...

Olhei, perfunctoriamente, a imensa variedade das quatro ou cinco que havia no cardápio...

E escolhi...

Uma brotinho...

O garçom tomou nota direitinho do pedido e fuzilou-me delicadamente:

“No paito ou no taié?”

Fiquei com cara de besta...

Quase acordei...

Indaguei o que era aquilo, imaginando algum tempero típico...

Essas coisinhas da boa e tradicional comida mineira...

“No paito ou no taié?, repetiu o jovem...

Sim, o que é isso, retruquei...

O senhor quer que a pizza venha cortada para comer no “paito” ou o senhor mesmo corta e come com os “taié”...

Pedi uma meio a meio...

------------------------------------------------------------

http://apostolosdepedro.blogspot.com

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 06/04/2008
Reeditado em 06/04/2008
Código do texto: T933756
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.