CASO ISABELLA - A mídia e um povo doente.
Sabe-se que está doente quando o alimento, feito para energizar o corpo, faz mal. Quando um exercício, feito para fortificar os músculos, faz mal. Significa que alguma coisa não está sendo bem assimilada pelo corpo.
A informação é para acrescentar na nossa formação. Aprendermos, questionarmos, pensarmos...
Quando a assimilação da informação não está bem feita, há uma reação oposta ao que se espera. Como uma doença.
O "caso" Isabella, como chamariam os "repórteres de plantão" é típico de uma reação doentia de uma sociedade carente e insegura.
Ficar "chocado" com uma barbaridade é normal e até sadio. Pior seria não reagir a uma violência. Isto sim seria um sinal de aceitação, o que seria também uma doença, até mais grave.
Mas chorar, comentar durante o dia todo e semanas, colocar como assunto do dia, parar o que está fazendo, quando na verdade sabemos que daqui há algumas semanas tudo estará esquecido, como outros "casos" já foram esquecidos, isto é igualmente doentio.
E a criança do seu bairro que passa fome ? E aquela criança que está ali no sinal da avenida pedindo esmola ??
Essa não tem choro, não tem comentário. Não dá ibope.
E aí está a doença: A FUGA DA REALIDADE.
Esta constante e paranóica mania da maioria da mídia que atinge grande público de só mostrar desgraça e a mania pior ainda do grande público de não trocar de canal nem mudar de hábitos (caminhar, ler um livro, ir ao teatro, visitar um amigo...) está fazendo surgir uma geração de inseguros, paranóicos, carentes.
Que choram por alguém que nem conhecem. Enquanto muitos que conhecem e estão por perto, sofrendo, ignoram, com medo de violência tão propagada pelos meios de comunicação, desde o Jornal das 6 até o Jornal das 23.
Isto gera um sentimento de impotência ante a realidade. E este sentimento gera uma série de doenças psicosomáticas.
É preciso dar um basta. Agir onde pode e como pode agir. E abandonar a "manada" que não nos leva a nada.
Só quem ganha é o anunciante do horário nobre vendendo mais seus produtos e, é claro, quem vende, caríssimo, o tal horário nobre.