Navegar é preciso
Edson Gonçalves Ferreira
Até hoje, ouvimos Elis Regina cantar a música “Lunik 9”, gravada -- parece -- m 1969 e, então, “eram as derradeiras noites de luar”. A poesia estava perdia, teriam tirado a poesia da lua que sempre foi inalcançável, mas o homem chegara a ela e, pisando em seu solo, tiraria parte do lirismo que a sua visão provocava. Embora bela a canção, o compositor e Elis Regina estavam equivocados. A lua continua bela, continua longe, continua povoando os sonhos dos apaixonados.
Domingo, deitado na minha poltrona, vi a lua no céu esplendorosa como sempre e, vivendo no planeta Terra, depois das conquistas espaciais, ainda sinto que a lua é o símbolo do Romantismo, porque todos os apaixonados a elegeram como luz própria para as horas românticas. Não há, tampouco, criança que, até hoje, não fique encantada com a beleza de uma lua cheia. Não foi àtoa que gravei Au clair de la lune", registrando a poesia da lua na infância de uma criança!
O que podia tirar o brilho do romantismo seria o fantasma da AIDS, mas se as doenças não tiraram nos séculos anteriores, quando ainda não havia a penicilina, no século XXI, a terrível doença chamada AIDS também não tirou, embora inspire mais medo do que nunca e, com certeza, nos enche de precaução. No entanto, não estamos falando de sexo, estamos falando é de romantismo, algo que precisamos recuperar urgente. Aquela coisa de olho no olho, de ficar de mãos dadas, de beijinhos doces, das juras de amor ao pé-do-ouvido...
Mas voltando à Lua, ela continua símbolo das idéias românticas mesmo. Não existe declaração de amor mais ridícula e boba como a declaração “Bem, a lua está sorrindo para nós”. Todo mundo, quando se apaixona, fica bobo. Faz parte do jogo. O amor nos deixa cegos, mas é lindo. É tolice, criancice, mas acredito que o amor seja necessário. Afinal, Fernando Pessoa disse “Sem a loucura/O que é o homem/Mais que a besta sadia/Cadáver adiado que procria?”.
A vida de todos nós, pequenos ou grandes personagens da história da humanidade é feita de pequenas alegrias. Não existe ninguém que tenha vivido só momentos de glória. Nem mesmo os reis e as rainhas, príncipes e princesas e, como exemplo, podemos citar a própria e inesquecível Lady Diana que virou símbolo de bondade, de realeza para o mundo.
Assim, gostaria, hoje, de convidar todos os leitores e leitoras para o prazer da poesia. Sim, porque o que doura a nossa existência é a poesia que eterniza cada ação carnal ou espiritual nossa, tornando-a sublime. Afinal, se “Viver não é preciso”, todos nós, seres humanos vivos, precisamos acreditar mais nas nossas emoções e viajar para sob a lua ou para a lua, lado a lado com o ser amado, porque precisamos dourar mesmo a nossa passagem pela Terra com o Amor. Ah!... que nunca viveu um grande amor, passou pela vida e não viveu, não é verdade?
Divinópolis, 04.04.08