BOCA FRIA !

A situação andava apertada, a saída encontrada, não era das melhores, mais também não era das piores. Precisavamos voltar a terra natal, e provávelmente ficar por lá instálados por aproximadamente um ano. ( Tempo esse, que imaginavamos ser suficiênte para que as coisas mudassem de rumo). Não resistimos nem reclamamos, deixamos algumas coisas prá trás, ( Amigos, plantas, coisas velhas etc, etc ). E voltamos.

Iriamos morar na velha casa da família. Localizada numa das ruas principais da cidade, no sertão do estado, a casa ainda conservava traços de que alí havia morado uma família númerosa.

Chegamos, e como era de se esperar, fomos logo fazendo novas amízades. Buscamos contatos com os parentes mais próximos. Precisavamos estudar e trabalhar. Arrumamos escola, ( Próxima de casa). Conseguimos ocupações, ( No comércio local). E fomos levando a vida como o bom Deus quer.

Como não poderia faltar, arranjamos também, namoradas. Ambas moravam na mesma localidade. Iamos juntos, e quando um saía mais cêdo, esperava pelo outro. Nessa localidade conhecemos por relatos de grande confiânça, a história de Arnaldão " Boca fria ".

Era chamado de Arnaldão devido a altura considerável, ( Seus 1.98 mt ). Sua gordura invejável, ( Pesava mais de 150 kg.). E claro, sua voz gravíssima.

O relato, nos dizia que certa vêz, Arnaldão foi dado como morto. Centenas, encaminharam-se para o tal velório, ( Ele era nascido e criado na região ). Uns choravam, outros sorriam nas rodas das piadas. Uns comiam, outros bebiam. Uns jogavão, outros fofocavam. Homens e mulheres se misturavam. Todos eram, de alguma forma, amigo ou conhecido de Arnaldão.

Lá pelas tantas do velório, Arnaldão levantou do caixão e pediu água, dizia ele que tava morrendo de cêde. O resto você já pode imaginar.

Eu gosto de ser baiano.