Amores Impossíveis em uma Tarde em Alcobaça.

Um dia de sol em Alcobaça. Um calor quase insuportável. Eu sentia dor no ombro e trazia um vazio no coração. Vivia uma relação dificil na época. As dificuldades enfrentadas, as noites insones, as decepções, davam o tamanho exato daquele amor construido de palavras e expectativas. Ele me amava antes de me conhecer, dizia. E quando nos encontrávamos nossos olhares, nossos beijos, nossos desejos e nossos gozos comprovavam essa paixão.

Eu não tinha a menor dúvida daquele amor, que me fazia sofrer. Confiava no meu homem e inúmera vezes respondi a pergunta de que era ele o meu homem, o meu amor. Levei esse amor no coração e me doía a noite antes de dormir. Queria-o alí, mas como, se ele não podia estar perto de mim, nem quando eu estava a apenas 300 km dele? Agora um oceano nos separava.

Voltando a Portugal, sentia-me mal nesse dia. Era o calor, a bursite, a saudade e uma absurda tristeza que me impedia de ser feliz naquela tarde. Até que cheguei no Mosteiro de Alcobaça. As grossas paredes da construção antiga deram conforto ao meu corpo que queimava. Uma sensação de frescor tomou conta da minha pele e eu já me sentia bem melhor.

Queria muito ver os túmulos de Dom Pedro I de Portugal e de sua amada Inês de Castro, aquela que foi coroada depois de ser assassinada, a mando do El Rei Afonso IV, pois o romance contrariava os interesses políticos. Sempre gostei da história de amor dos dois, que infelizmente terminou em tragédia. A Linda Inês, foi cantada por Camões e por outros poetas.

Bem, eu estava lá e fui visitar os túmulos. Não são de forma nenhuma exemplos de beleza estética, mas a disposição dos sarcófagos um de frente para o outro, tem um belo significado: quando acordarem, no juízo final, não terão dificuldade para se encontrarem.

Fiquei comovida com o amor daquele monarca por sua amante, apesar de todas as tramas que a levaram à morte. O mais interessante é que não foi a dor que me tomou. O que tocou meu espirito foi a dimensão daquele amor, que apesar de triste deu-me esperança.

Fui lá na fonte, no pátio interior do Mosteiro, com toda essa fé e imbuída pelo amor joguei uma moeda e fiz meu pedido com fervor.

Aparentemente não fui atendida. Aquele amor acabou, dormiu ou morreu. Não sei bem. Só sei que meu homem não me amava como Pedro a Inês.

Mas não perdi a esperança e voltarei a entrar no mosteiro. Visitarei os dois e repetirei meu pedido ou, melhor ainda, agradecerei o amor que ganhei.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 04/04/2008
Reeditado em 06/04/2008
Código do texto: T930245
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