"Matando a cobra e mostrando o .. "
Dou-me sempre duas alternativas frente aos boatos: ou eu credito nele um processo que me renderá algum “cascalho” ou faço-o enredo de uma crônica “brega”. Comumente eu daria maior atenção ao tal processo, argumentando o famoso lema de que “pago um boi para não entrar numa briga, mas não aceito uma boiada para sair dela” (nem sei se tal ditado é realmente esse, mas o que interessa é a compreensão, mesmo que irônica) Entretanto, minha “veia” capitalista anda meio que enferrujada. Não sei por qual motivo, mas prefiro acreditar que são minhas ideologias as causadoras de tal reação.
Para sair lucrando mediante a boatos (as famosas fofocas) é preciso muito mais do que jogo de cintura (acrescenta-se: jogo de seios, pernas, mãos, e a famosa “jogadinha” de cabelo), é preciso sensualidade, audácia e perspicácia. Afinal, o foco das atenções é você, porque não aproveitar a situação? Marketing gratuito não é sempre que aparece.
É comum, quando somos o “motivo da conversa”, ouvirmos o silêncio absoluto quando nos adentramos a uma sala repleta de pessoas, que com seus olhares de rapina nos condenam sem ao menos dar-nos a chance de representar uma defesa. Mas o que não esperamos é quando o comum torna-se atração. E neste sentido – perdoem-me o meu egocentrismo – faço valer cada segundo de minha apresentação.
É neste ambiente que pratico Aristóteles: a tragédia (Catarse) faz a compaixão a minha maior amiga. Retiro da minha bolsa algumas contas em atraso, dou aquele sorrisinho sarcástico, cruzo minhas pernas charmosamente e digo:
“Amoréco, hoje você pode pagar estas contas para mim? Lógico que será com o seu dinheiro”.
Possivelmente o espanto será a primeira reação, mas quebra-se tal expressão quando eu explicar:
“Já que você vai cuidar da minha vida, que tal você começar pela parte financeira?”.
É para quebrar as pernas de qualquer fofoqueiro de plantão, e isto sem contar com a fama que acabei ganhando: “ela mata a cobra e mostra o pau”. Mas que porra de pau? Oras, eu apenas fiz o certo, afinal das contas – como afirmei lá em cima – “não dou crédito a fofocas”, principalmente se estas não me dão retorno algum.