A MALDADE
Apesar de acreditar fielmente que Deus nos colocou no mundo apenas para o cumprimento do bem, sabemos que a maldade também existe e, infelizmente, em uma escala muito grande, assustadora mesmo. E em todos os lugares e situações possíveis e imagináveis, até mesmo onde seria impossível de se admitir.
Ouço uma música de Roberto Carlos cuja letra fala “eu queria ser civilizado como os animais”. À primeira vista essa afirmação pode chocar muita gente, mas se pararmos um pouquinho para pensar, e analisar o mundo que nos envolve nesses dias modernos, veremos que existe muita razão na afirmativa que faz a letra da música.
Ao que me consta, os animais possuem uma convenção própria de convivência e de sobrevivência, cuja maior fonte de consulta para a sua elaboração foram as leis da natureza, ou seja, as leis de Deus.
Entre os homens a oficialização da maldade é a chamada “Convenção de Genebra” cuja versão atual contém 15 parágrafos, e que é aceita normalmente por todos os povos deste planeta Terra. As Convenções de Genebra são uma série de tratados formulados em Genebra ― Suíça ―, que definem as normas para as leis internacionais relativas aos Direitos Humanos, ou seja, os direitos e os deveres das pessoas em tempos de guerra, sejam combatentes ou não. Esses tratados foram elaborados durante quatro Convenções de Genebra que aconteceram de 1864 a 1949. A primeira Convenção de Genebra foi uma iniciativa do suíço Henri Dunant, em 1863, logo após ter testemunhado os horrores da Batalha de Solferino, em 1859, decisiva na Segunda Guerra da Independência Italiana. Um ano mais tarde, a Conferência Diplomática de 1864 foi a primeira verdadeira Convenção de Genebra.
Existem pessoas que ficam horrorizadas ao verem os animais se digladiando entre si, lutando pela sobrevivência. Geralmente vence o mais forte, mas são as leis da natureza sendo colocadas em prática. Não é nada mais do que o instinto de sobrevivência das espécies.
Essas mesmas pessoas encaram até com uma certa naturalidade as notícias e as imagens de várias guerras que de há muito existem pelo mundo. Virou algo natural, normal e aceito pela sociedade humana.
O primeiro parágrafo da atual Convenção de Genebra diz “Os países em guerra não podem utilizar armas químicas uns contra os outros”. Quer dizer, tiros, granadas, minas terrestres, isso pode. Alguém pode argumentar: o problema é que as armas químicas atingem uma gama muito grande de inocentes e as outras armas possuem o foco mais concentrado no inimigo. Para mim é a mesma coisa, porque o inimigo também pode ser um inocente que está ali, nem sempre devidamente preparado para “matar”, e muitas vezes nem sabendo o motivo real pelo qual está combatendo.
O parágrafo 7 nos contempla com “É proibido matar alguém que tenha se rendido”. Esse nem merece comentários. E, para encerrar a citação dos parágrafos, vejam o que diz o 14: “Submarinos não podem afundar navios comerciais ou de passageiros sem antes retirar seus passageiros e tripulação”. Fico imaginando a cena da remoção dos passageiros e tripulantes e chega a me dar vontade de rir, mas um riso triste (existe isso?), inaceitável.
Quando iniciei este texto pretendia falar sobre a maldade humana no seu todo, aquela que ficamos sabendo todos os dias pelos noticiários da televisão ou presenciada ao vivo por nós mesmos. Mas o espaço que sempre me proponho a utilizar em meus textos não permite que avance no assunto e fico devendo essas considerações, prometendo voltar a falar sobre isso, aproveitando para amadurecer um pouco mais a idéia.
No final, a comparação acaba sendo inevitável. Entre a Convenção dos Animais, simbolizada pelas leis da natureza e a convenção dos homens (em minúsculas mesmo) tristemente simbolizada pela “Convenção de Genebra”), qual você prefere?
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