PREDESTINADO PARA VIVER...

Eles sempre mergulhavam juntos. Já eram acostumados com o mar. Aprenderam a conviver com as belezas e os encantamentos do fundo do mar. Eudes e Artur eram exímios mergulhadores. A magia do fundo do mar, se sedimentara em seus corações e suas almas.

Conheciam todo o litoral do nordeste. Quantas vezes mergulharam juntos. Tinham todos os equipamentos e exerciam este fascinante esporte, com responsabilidade e maestria. Respeitavam todas as técnicas do mergulho. Além disso, como sabiam utilizar muito bem suas armas, sempre conseguiam matar muitos peixes.

Combinaram mais uma pesca submarina, para aquele final de semana, na praia de Galinhos, no litoral do Rio Grande do Norte. Sairiam, como de costume, na sexta-feira. Entretanto, ninguém sabe, como de última hora, Artur resolveu desistir. Eudes ao passar em sua residência para pegá-lo, recebeu, de súbito, esta informação. Mas como? Está tudo agendado!

Porém. Artur foi muito decisivo. Mesmo presenciando a indignação de seu colega, simplesmente informou, que desistira da pescaria, naquela oportunidade. Eudes viajou com outros colegas, com muita raiva.

Sábado, dia 23 de julho de 1994, por volta do meio dia, o telefone toca. Chega uma notícia muito triste. Eudes acabava de morrer no fundo do mar. Ninguém sabia como. Tudo aquilo parecia um sonho. Não podia ser verdade. Mas era. Artur viajou, urgentemente, para aquela praia, sem entender, com o único objetivo de encontrar o seu colega de tantos mergulhos.

Era verdade. Encontrou-o já sem vida, inerte, em seu próprio carro.  Este foi o fato mais fatídico e triste, ocorrido naquelas praias, no esporte de pesca submarina.

Ninguém soube explicar, como Artur desistira daquele mergulho. Igualmente ninguém poderia saber o que teria ocorrido, se ele tivesse participado daquela pesca. Talvez ele tenha sido predestinado para viver.