SINHÁ OLÍMPIA
"Lá vai Ouro Preto embora;
todos bebem e ninguém chora..."
Sinhá Olímpia
Buscando entender o movimento da Insurreição à Portugal, por diversas vezes, na época do ginásio e colegial, fomos a Ouro Preto.
Não sabíamos à época, mas a dúvida já fazia parte da nossa inquietação inquiridora ao real . Lemos a versão do Barão de Varnhagen,sobre a história do Brasil e tantas outras, não descobrindo, como até hoje temos dúvidas, a verdade sobre o papel de Tiradentes. Mas esta é outra história.
Em nossa idas ao Museu da Independência, desde cedo aprendemos a respeitar o vulto de Sinhá Olímpia, majestosa em seus passos por Ouro Preto. Considerada a própria Imperatriz do Brasil, pelos estudantes galhofeiros, ela que vivia nos sonhos da corte, empunhando seu cetro e governando sobre todos, em seu mundo delirante.
Muitos diziam-na ex-moça rica, enganada por um pretendente, que se refugiara no mundo dos sonhos. Outros, mais carinhosos, diziam-na uma doçura de mulher, que resolvera se importar pouco com o mundo, como disseram Carlos Drumond de Andrade e a G.R.E.S. da Mangueira (vide Música).
Tinha entrada garantida em todos os lugares, afinal, era a majestade suprema em Ouro Preto.
Em nosso consultório, temos uma foto dela, com seu inconfundível chapéu de palha, suas rosas e laços de fita, sobre o chapéu, como costumava acontecer com as moçoilas da corte.
Muitas pessoas, ao adentrarem nossa sala de trabalho, nem percebem se tratar de uma mulher e perguntam: "Doutor, que é esse velho?" Depois de explicar-lhes a história de alguém que acreditava no que fazia, costumamos concluir: "Este quadro tem para nós um significado muito importante. Ao olharmos para Sinhá Olímpia, temos a certeza, de que, mesmo uma pessoa que tem os pés neste mundo e a cabeça noutro, se acreditar o que faz, consegue ser dignificada pelos homens e ser considerada uma vitoriosa!"
Para muitos que ouvem esta frase, fica a demonstração da importância de crermos em nós mesmos, como ela o fez e quem sabe, chegar a ser pelo menos lembrado com saudade, pela sua doçura, pela sua crença, ou pela firmeza de seu papel.
"Importa pouco se tenho a certeza, se o meu dia me faz errar, importa é ter a firmeza , de que estou tentando acertar". Este devia, com certeza, ser o mote, que impulsionava a vida da Imperatriz do Brasil, cantada em versos também pela Escola de Samba da Mangueira em 1990.
Para nós, simples mortais, resta:
Viver, viver e viver,
Intensamente!...
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DEU A LOUCA NO BARROCO
(Samba enredo da Mangueira no desfile de 1990)
Compositores: Hélio Turco, Jurandir e Alvinho
Viveu
Em Vila Rica a Cinderela
Entre sonhos e quimeras
De raríssimo esplendor
Brilhou
Como sol da primavera
E a beleza de uma flor
E assim
Imperando nos salões
Em seu doce delírio
Conquistou corações
Acalentou o ideal da liberdade
E transformou toda mentira
Na mais fiel realidade
Vai...
Contar histórias do infinito
Vai...
Não haverá amanhecer
Vai dizer que foi esculturada
Que sofreu por amor
Que foi amada
Musa inspiradora
Luz de uma canção
Bailando na imensidão
Sinhá Olimpia
Quem é você ?
Sou amor sou esperança
Sou Mangueira até morrer
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Marcio Funghi de Salles Barbosa
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