Sobre o livro “Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”
Fiquei maravilhado com a sua força, "sua luta" sua sobrevivência...
Quiçá todo nordestino, ou mesmo todo brasileiro tivesse a superação que você e sua família tiveram e têm. Diante da sua história fico convicto de que "todos podem alcançar os sonhos", "todos podem emergir", "todos podem ser livres", não importa a origem social geográfica e/ou étnica.
Culpamos o estado como responsáveis pela nossa incomensurável miséria, em parte estamos certos, mas esquecemos do nosso papel como cidadão e/ou mesmo se quer conhecemos o que é ser cidadão. Esse é a grande "mácula" daqueles que foram submetidos a viver na miséria e permanecem trancafiados, acorrentados e não percebem que existe uma outra dimensão, um horizonte diferente - como exemplo cito o mito da caverna do filósofo grego Platão - também chamada de Alegoria da caverna, é uma parábola e encontra-se na obra intitulada A República (livro VII). Exemplifica como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade.
Imaginemos um muro alto separando o mundo externo e uma caverna onde existe uma fresta, por ela atravessar um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, (posso identificar esses seres como os milhões de pobres brasileiros e do mundo que vivem abaixo da linha da pobreza/miséria) que nasceram e cresceram ali e ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.
Os prisioneiros julgam que essas sombras eram a realidade. (substituímos as sombras da realidade pela ilusão que a TV e os meios de comunicação transmitem constantemente).
Um dos prisioneiros da caverna (Valdeck Almeida, Amilton, José Bahiano, Maria Angola...) decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento (a leitura) com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Valdeck, sua obra levou-me a essa reflexão, acredito que nas entrelinhas em que cito - A teoria da Caverna. Platão, República, Livro VII, 514a-517c – fica nítido o quanto fui sensibilizado com a leitura do seu livro.
Muito obrigado. O disseminarei para que outros leiam e façam suas reflexões.
Grande abraço,
Amilton Sacramento
E-mail: nostelmen@yahoo.com.br
Amilton Sacramento
Biblioteconomia e Ciência da Informação
Universidade Federal de São Carlos
Universidade Federal de São Carlos