TORÓ !

Nesse momento, soma-se 156 horas de muita chuva na capital. Nesse mesmo momento, a imprensa divulga um verdadeiro pandêmonio, um dilúvio. Morros desabando, casas caindo, ruas interditadas, bairros completamente isolados.

Dessas 156 horas de chuva, as horas quer mais me emocionou, foram as seis primeiras horas.

Eu fui convidado para participar de uma confraternização entre amigos. Iria eu, encontrar-me as 20:hs com um grupo numa praça da comunidade. Lá chegando, encontrei uma parte do pessoal, e ficamos a esperar o restante. Enquanto esperavamos, iníciamos um gostoso bate-papo, levado a drinks. Com a chegada dos atrasados, mudamo-nos para um espaço maior, que dispunha até de karaoké.

Chegamos e nos acomodamos. Cantamos o tradicional " parabéns prá você ", blindamos e continuamos a beber e conversar. Lá pelas tantas , resolvi me retirar, achava-me um tanto cansado. Despedir-me e fui. Naquele exato momento, percebi que o maior problema, não era a quantidade de drinks e o cansaço, e sim o enorme "toró", que eu teria que enfrentar.

Respirei fundo e saí. A enxorrada estava quase nos joelhos, a escuridão tambem não ajudava. Não havia uma só alma viva nas ruas e becos. Para completar minha ângustia, na quase escuridão, errei o caminho de casa, e distância tornou-se maior.

Naquele momento, lembrei-me do ano de 89. Naquele ano, eu estava de caso com a mãe da mais velha. Numa bela noite, a chuva desabou sem mais nem menos, andamos e corremos debaixo de um enorme "toró". Mesmo com tanta chuva, estavamos felizes.

E ai, nas primeiras horas da madrugada, eu com minhas lembranças, estava feliz tomando banho de chuva.

Eu gosto de ser baiano.