stork_b.gif (6408 bytes)

CARINHO DE MÃE


Todo pai deveria ser uma mãe cuidadosa e amorosa. Sim, é isso mesmo. E, de quebra, seria de bom alvitre carregar em seu recôndito a semente do entendimento, da paz, da ternura e daquele sentimento especial que somente o espírito materno possui: a doçura. Isso ao menos uma vez por ano. Pelo menos no dia das Mães, digamos, já seria de bom tamanho. Porque essa meiguice é uma qualidade genuína da mulher que se torna mãe e, evidentemente, ninguém mais tem. Só ela. Talvez até existam, mas que eu lembre não conheço pais doces, só mães. Amor de pai também é diferente do expressado por quem sentiu durante nove meses o movimento e as pontadas da vida no próprio ventre e cultivou essa existência com o carinho e a ternura que, penso sinceramente, são desconhecidos pelo homem. Inegavelmente, ser mãe é amar os filhos de modo incondicional não importa o lugar ou a circunstância, enquanto o amor paterno fica muito aquém pois sugere um quê de autoridade, necessário sim, porém sem os gestos e atitudes amorosos deveras encontrados na expressão materna.
Seria maravilhoso se nós homens pudéssemos ter, ao menos, uma pequena idéia do que é amar tão bem como só o coração de mãe ousa e consegue fazer. Precisaríamos ser pais mães para alcançar e entender o âmago do mais próximo da perfeição que o amor humano pode atingir, e isso é simplesmente ser mãe. Ainda assim, enveredando por esse ângulo, não chegaríamos nem um milionésimo de centímetro próximo da doçura de uma mãe devotada. Não porque mãe é mãe, mas por mãe ser sinônimo de amor incondicional. É tão completo o amor da mulher que deseja dar à luz uma vida que ela é capaz de submeter-se aos mais diversos sofrimentos para, enfim, engravidar, quando então só terá olhos sonhadores, pensamentos e devaneios para o filho que está para nascer. Sem pensar ou ligar importância a nenhuma consequência, seja de que ordem for. Objetivando gerar seu filho, caso tenham algum problema físico ou genético, tipo obstrução das trompas por exemplo, muitas mulheres mergulham na profunda dor da delicada cirurgia denominada vídeolaparoscopia ou submetem-se a curiosos e dolorosos exames como, por exemplo, dentre outros, a hidrosalpincografia, e desafiam os próprios limites tentando atingir essa amorosa meta de sua vida. É a intensidade do instinto do amor.
(Pausa para uma estória que exalta a beleza do amor materno. Embora seja um relato bastante conhecido, vale repetí-lo: Contam que duas mulheres disputavam a maternidade de uma criança e foram aprsentar o problema ao rei Salomão. Aos gritos, uma delas dizia ser a verdadeira mãe e pedia justiça ao soberano. A outra apenas chorava afirmando sua condição de mãe cujo filho lhe fora arrancado das mãos por inescrupulosos. Do alto de sua sabedoria e diante do impasse após ouvir as duas, Salomão prolatou a seguinte sentença: a criança seria cortada ao meio e cada metade ficaria com uma ds supostas mães. Então, o amor falou mais alto. Desesperada, imediatamente a verdadeira mãe suplicou pela vida do filho e renunciou à condição materna em prol da vida do rebento amado.Que aquela mulher ficasse com a sua criança, pois ela preferia tê-la viva, ainda que sob os cuidados da outra. Foi assim que o rei descobriu quem era realmente a mãe da criança, entregando o pimpolho a quem de direito e mandando prender a impostora).
Concluída a pausa, volto ao assunto e registro quão sublime tem sido o papel da mãe ao longo da grandiosa e épica aventura huma. Exemplo maior de dedicação, de afetividade, de carinho, de altruísmo, a mulher mãe é capaz de "mamar em peito de onça", como se por aí a título vulgar, par proporcionar ao filho o melhor sempre. Ela dará a vida por ele sem pensar, se for necessário. Faz parte do seu agir ser assim. Imagine o que é acordar, à noite, de duas em duas horas, pelo período de dois a três meses, diarimente, para dar de mamar ao recém-nascido. Quem mais caminharia sorrindo enternecida por esse via crucis se não a mãe? Quem mais enfrenta trancos e barrancos para suprir as necessidades da sua prole? Uma mãe vale por muitos pais, é de se dizer. São raras as exceções, conquanto existam é certo, mas de somenos importância.
Por outro lado, toda mãe precisaria ser e agir como uma avó antes de adquirir essa condição especial, com a dócil carga de ternura que a belíssima categoria apresenta. Sendo avó, a mãe o é duas vezes. O amor é duplo, os cuidados, múltiplos, o afeto muito além de qualquer imaginação. Mãe não tem só uma, como dizem por esse mundo afora, mas duas: mãe/avó e avó/mãe. Completas.