Vôcê me conhece?!!! ( Você sabe com quem está falando?!!!)
Era uma bela tarde de domingo, aproximadamente dezesseis horas, a temperatura amena era um convite para uma caminhada sem rumo e sem destino. Parei em frente à uma banca de revistas na região central de Londrina e entrei.
O simpático velhinho, dono da banca, me pergunta se procuro algo em especial. Respondo-lhe que apenas olho.
Eis que entra uma senhora de aproximadamente trinta e poucos anos, ofegante. À primeira vista ela pareceu-me muito simpática.Cumprimentou-nos e perguntou ao dono da banca se ele já havia recebido as revistas Veja, Isto é e Época. O velhinho informou-lhe que recebera mas tudo se esgotara mui rapidamente.
Os jornais daquele dia e as citadas revistas não deram nem pro começo.Afinal de contas, acusado de envolvimento no ¨escândalo do mensalão¨ - assunto do momento - encontrava-se um político da região. Por este motivo tudo se esgotara rapidamente. Sugeriu que ela não se preocupasse, pois no dia seguinte receberia mais exemplares das revistas, e ele se propôs-se a reservar-lhe um exemplar de cada uma delas.
Ambos trocavam idéias sobre o assunto.Achei que a conversa tomara rumos interessantes, e me intrometí no papo.
Porquê e prá quê?
Dirigindo-me aos dois exclamei: É. O POVINHO gosta de escândalos! referindo-me ao fato das revistas e jornais terem despertado tanto interêsse.
Questiono-me: Por que fui me meter na conversa?Quando aprenderei a ficar calado?
Pois, não é que aquela mulher, uma falsa loira, com os dedos em riste na minha direção, exclama perguntando: POVINHO?!! VOCÊ ME CONHECE?!!!! ( Acho que foi uma pergunta equivalente à famosa - Você sabe com quem está falando?)
Ai meu Deus, e meu São Benedito. Que situação. Nunca houvera passado por um constrangimento desse.Foi uma sensação horrível. Deu um mal estar difícil de explicar. Nem cachorro bravo assusta tanto.Nessas horas entrar numa briga de ¨pittibull¨ é bem mais suave.
A falsa loura, ainda com o dedo apontando prá minha cara, histérica, quase sem controle, repete a mesma pergunta.Acho que naqueles poucos minutos, recorrí a tudo que é santo.
Após ela perguntar pela terceira vez, sem encontrar saídas, respondí-lhe: EU SEI QUEM VOCÊ É. CONHECí A TUA ¨VÓ¨!
Esperei pelo pior. A falsa loura ficou vermelha como um pimentão.
Abaixou a cabeça.Calou-se.Saiu raivosamente da banca. Entrou na caminhonete de cabine dupla, novinha em folha, bateu as portas e se retirou.
Refeito do susto e da supresa, comentei com o velhinho da banca:
-Mulher nervosa, heim!.
Ele tranquilamente me revela que ela é assim mesmo, arma o maior barraco por nada. Ele mesmo já fôra, por mais de uma vêz, vítima do destempêro dela.Disse-me que ela é nora de um sujeito rico, mas não influente, da cidade, etc.etc. (Não me pergunte se o etc.etc. corresponde à alguma fofoca. Pode ser.)
Bastante aliviado, disse-lhe: Ainda bem que ela se recompõe rapidamente e vai se embora.
O simpático velhinho, sorrindo de forma marota, me diz: Não. Não é bem assim. Ela gosta de humilhar as pessoas e rebaixá-las ao máximo. Pisa em cima.
- Ela foi rapidamente embora porque você conheceu a avó dela.
- Como? Eu nem sei quem é ela, muito menos quem é a avó dela.
Então, ele rindo, pois o fato lhe divertira muito, me confidenciou:
- A avó dela era bem conhecida. Por muito tempo comandou uma movimentada casa de mulheres aqui na cidade.
oooo
- Tá curioso e quer saber quem é a falsa loira? Isto eu não digo. Até porque não sei. Ou será que sei?