Salvador: 459 anos
Foi no dia 29 de março o aniversário de Salvador. 459 anos.
Thomé de Souza. Creio, que pouco se falaria nesse senhor se ele não tivesse fundado a capital da Bahia.
Seria, talvez, mais um ilustre oficial lusitano a passar por terras brasileiras, no distante março de 1549. Ou, apenas, um graduado preposto da Coroa portuguesa a transitar pelo país dos papagaios.
O destino quis que ele, além de ser o primeiro Governador-geral do Brasil, fosse, também, o fundador da encantadora capital baiana, já naquela remota era o xodó dos soberanos da querida Portucália.
Os baianos, muito gentis, homenagearam Thomé de Souza erguendo sua estátua na Praça Municipal.
Olhando para a Baia de Todos os Santos, a estátua dá as costas para a Câmara de vereadores; parece não querer nada com os políticos.
*** *** ***
Não nasci na Bahia. Sou do Ceará.
Mas vivo em Salvador desde dezembro de 1957; há, portanto, mais de cinqüent´anos. Uma existência.
Com facilidade aprendi a gostar da capital da "boa gente baiana" , usando a expressão carinhosa de um cearense que governou a Bahia, o general Juracy Magalhães, e por duas vezes.
*** *** ***
A cidade, e não podia ser diferente, foi alvo de inúmeras homenagens.
Achei, porém, que os escritores e os intelectuais da Boa Terra podiam ter dado à efeméride um brilho bem maior. Por que não cantaram sua Salvador em doces prosas e belos versos?
A Salvador religiosa foi, também, praticamente esquecida. Se escreveu muito pouco sobre seus famosos Terreiros e sobre suas centenárias igrejas, que seriam 365.
Foram igualmente esquecidos os jesuítas e os franciscanos: eles ajudaram Salavdor nascer e crescer.
Estaria bastante satisfeito se tivesse lido mais alguma coisa sobre as igrejas do Bonfim, da Conceição da Praia, de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, da igreja de São Francisco, da igreja da Ordem Terceira, e da Catedral Basílica onde, no dia 18 de julho de 1697, morreu o padre Antônio Vieira.
Até porque, os baianos mais novos precisam saber que a cultura de sua capital não se resume num abadá colorido e no batuque de um barulhento trio elétrico.
Os turistas também têm interesse em conhecer a história de Salvador.
Para que, lá fora, não se continue vendo essa cidade, apenas, como o palco de um indômito e permissivo carnaval de rua e palco das irrequietas"estrelas" do Axé. O que não deixa de ser profundamente lamentável.
*** *** ***
Fã declarado de Francisco de Assis, quero congratular-me com Salvador, nos seus 459 anos, destacando, mais uma vez, o seu perfil de uma cidade franciscana, também.
Como, aliás, já o dissera o pernambucano Gilberto Freyre, no artigo que publicou na revista O Cruzeiro, em dezembro de 1961.
Há notícias de frades menores circulando por Salvador entre 1587 e 1591, se não estou enganado. Na capital baiana nasceu frei Vicente do Salvador (1567-1636), que escreveu a primeira História do Brasil.
Peço ao mundo que visite a igreja e o Convento de São Francisco, no Terreiro de Jesus, monumento religioso concluído em 1700 e pouco.
O Convento, conmheço bem. Foi minha primeira morada, após desembarcar em Salvador, no Natal de 1957.
Trata-se do principal templo barroco do Brasil, praticamente coberto de ouro.
Na sua capela-mor e no coro, estão os exuberantes móveis de jacarandá da Bahia confeccionados por mãos seráficas habilidosas, um trabalho quase artesanal. Lembram as horas de oração dos frades, na escuridão das madrugadas salvadorenses.
No claustro do Convento, surpreende a beleza dos seus azulejos portugueses. São centenas. Em cada um, uma história; em cada um, uma menasagem. Verdadeira maravilha.
Meu amigo frei Hugo Fragoso, um dos historiadores da Ordem Franciscana, após estudo minucioso, disse que, no claustro do seu Convento, há "Um teatro em azulejos". É só conferir.
Uma imagem que, segundo os especialistas em esculturas, "retrata uma das expressões faciais de sofrimento mais realista de que se tem conhecimento na imaginária brasileira" é encontrada na igreja seráfica do Terreiro de Jesus.
Refiro-me a imagem de São Pedro de Alcântara, um santo franciscano. Ela pode ser vista em uma das capelas laterais da igreja; logo à direita de quem entra no belo templo.
Conta-se, que D. Pedro II, visitando Salvador, apaixonou-se por ela, e a quis levá-la para Corte. Os franciscanos não permitiram; a Bahia não deixou.
Ótimo. São Pedro de Alcântara e o Poverello de Assis, juntos, continuam abençoando e protegendo a capital dos baianos que é, também, a cidade querida dos que a ela um dia chegaram, e não pretedem deixá-la, jamais. Como eu...
Foi no dia 29 de março o aniversário de Salvador. 459 anos.
Thomé de Souza. Creio, que pouco se falaria nesse senhor se ele não tivesse fundado a capital da Bahia.
Seria, talvez, mais um ilustre oficial lusitano a passar por terras brasileiras, no distante março de 1549. Ou, apenas, um graduado preposto da Coroa portuguesa a transitar pelo país dos papagaios.
O destino quis que ele, além de ser o primeiro Governador-geral do Brasil, fosse, também, o fundador da encantadora capital baiana, já naquela remota era o xodó dos soberanos da querida Portucália.
Os baianos, muito gentis, homenagearam Thomé de Souza erguendo sua estátua na Praça Municipal.
Olhando para a Baia de Todos os Santos, a estátua dá as costas para a Câmara de vereadores; parece não querer nada com os políticos.
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Não nasci na Bahia. Sou do Ceará.
Mas vivo em Salvador desde dezembro de 1957; há, portanto, mais de cinqüent´anos. Uma existência.
Com facilidade aprendi a gostar da capital da "boa gente baiana" , usando a expressão carinhosa de um cearense que governou a Bahia, o general Juracy Magalhães, e por duas vezes.
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A cidade, e não podia ser diferente, foi alvo de inúmeras homenagens.
Achei, porém, que os escritores e os intelectuais da Boa Terra podiam ter dado à efeméride um brilho bem maior. Por que não cantaram sua Salvador em doces prosas e belos versos?
A Salvador religiosa foi, também, praticamente esquecida. Se escreveu muito pouco sobre seus famosos Terreiros e sobre suas centenárias igrejas, que seriam 365.
Foram igualmente esquecidos os jesuítas e os franciscanos: eles ajudaram Salavdor nascer e crescer.
Estaria bastante satisfeito se tivesse lido mais alguma coisa sobre as igrejas do Bonfim, da Conceição da Praia, de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, da igreja de São Francisco, da igreja da Ordem Terceira, e da Catedral Basílica onde, no dia 18 de julho de 1697, morreu o padre Antônio Vieira.
Até porque, os baianos mais novos precisam saber que a cultura de sua capital não se resume num abadá colorido e no batuque de um barulhento trio elétrico.
Os turistas também têm interesse em conhecer a história de Salvador.
Para que, lá fora, não se continue vendo essa cidade, apenas, como o palco de um indômito e permissivo carnaval de rua e palco das irrequietas"estrelas" do Axé. O que não deixa de ser profundamente lamentável.
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Fã declarado de Francisco de Assis, quero congratular-me com Salvador, nos seus 459 anos, destacando, mais uma vez, o seu perfil de uma cidade franciscana, também.
Como, aliás, já o dissera o pernambucano Gilberto Freyre, no artigo que publicou na revista O Cruzeiro, em dezembro de 1961.
Há notícias de frades menores circulando por Salvador entre 1587 e 1591, se não estou enganado. Na capital baiana nasceu frei Vicente do Salvador (1567-1636), que escreveu a primeira História do Brasil.
Peço ao mundo que visite a igreja e o Convento de São Francisco, no Terreiro de Jesus, monumento religioso concluído em 1700 e pouco.
O Convento, conmheço bem. Foi minha primeira morada, após desembarcar em Salvador, no Natal de 1957.
Trata-se do principal templo barroco do Brasil, praticamente coberto de ouro.
Na sua capela-mor e no coro, estão os exuberantes móveis de jacarandá da Bahia confeccionados por mãos seráficas habilidosas, um trabalho quase artesanal. Lembram as horas de oração dos frades, na escuridão das madrugadas salvadorenses.
No claustro do Convento, surpreende a beleza dos seus azulejos portugueses. São centenas. Em cada um, uma história; em cada um, uma menasagem. Verdadeira maravilha.
Meu amigo frei Hugo Fragoso, um dos historiadores da Ordem Franciscana, após estudo minucioso, disse que, no claustro do seu Convento, há "Um teatro em azulejos". É só conferir.
Uma imagem que, segundo os especialistas em esculturas, "retrata uma das expressões faciais de sofrimento mais realista de que se tem conhecimento na imaginária brasileira" é encontrada na igreja seráfica do Terreiro de Jesus.
Refiro-me a imagem de São Pedro de Alcântara, um santo franciscano. Ela pode ser vista em uma das capelas laterais da igreja; logo à direita de quem entra no belo templo.
Conta-se, que D. Pedro II, visitando Salvador, apaixonou-se por ela, e a quis levá-la para Corte. Os franciscanos não permitiram; a Bahia não deixou.
Ótimo. São Pedro de Alcântara e o Poverello de Assis, juntos, continuam abençoando e protegendo a capital dos baianos que é, também, a cidade querida dos que a ela um dia chegaram, e não pretedem deixá-la, jamais. Como eu...