O JUMENTO E JESUS
 
E assim vinha Jesus em cima de um jumento com aquela rapaziada o acompanhando, ele com aquele jeito meigo, bondoso, tratava a todos com carinho e respeito, e as crianças como sempre bem perto dele acenava para o mesmo. Quando de repente no meio da encenação, alguém deu uma triscada nos preciosos do bicho, o qual ele não suportando a dor, partiu relinchando e dava-se para bem entender o que o coitado dizia:
 
_ ah! Foste tu, foste tu! Foste tu! Jesus...
 
Este relincho todo, em direção a multidão que se encontrava nas cadeiras e arquibancadas, e foi logo dando uma meia volta para tão somente ir reclamar com o diretor do espetáculo da Paixão. O Senhor Tadeu Patrício. 

                  Na Paixão de Cristo do nosso grupo, temos dois atores que dividem o mesmo personagem, por um acaso do destino, ou quem sabe por esse nosso trabalho ser bem abençoado, graças ao nosso pai maior.
 
O personagem, já há algum tempo é interpretado por pai e filho, aqui em Cabedelo, no forte de Santa Catarina. Marcos Alcântara já a mais de trinta anos fazendo esse trabalho e Ângelus Alcântara, o filho de Marcos. 

Mas pra começo de história, o Jesus filho, fora substituído, por um outro amigo, que não estava tão bem acostumado com o jeito daquele animalzinho.
 
Ora, esse fora convidado às pressas para interpretar o personagem. E o animal tinha lá suas preferências, o bicho era manhoso, bem tratado, e o outro estava naquele ensejo pela primeira vez.
 
O burrico, ou mesmo jumento, não contou outra, nem mesmo quis saber quem ele derrubou de tão burro que foi Jesus. Na verdade o danado do bicho saiu numa disparada tão grande, e fez aquele moído todo dentre os atores e aquela multidão que veio apreciar o espetáculo. 
E assim se deu como conclusão, que o primeiro Jesus teve que fazer o restante de toda a apresentação, porque o Jesus substituto saiu do mesmo quase todo quebrado.