O chefe
Estávamos eu e meus amigos conversando, Toninho revelou que tinha sido promovido, todos nós sorrimos e começamos a parabeniza-lo, uma reação comum afinal é sempre bom ver um amigo melhorar de vida, ainda mais ele que se dedicava ao hospital a vários anos. Ficamos tão felizes por ele, que não percebemos que ele não parecia muito feliz com a evolução. Depois da euforia do momento, Toninho deu inicio a narração dos fatos.
A diretoria do hospital marcou uma reunião com ele, e ofereceram o cargo de Diretor de Informática, o salário ia melhorar e além disso, teria uma equipe para coordenar, mas como nem tudo são flores teria metas a alcançar, tudo indicava uma grande evolução na carreira de nosso amigo. Foi quando ele nos contou: ofereceram a ele como “equipe” um funcionário que não entendia nada de informática. Toninho recusou e escolheu um outro coloborador para montar o seu novo setor, a diretoria se recusou a disponibilizar o outro colaborador, foi ai que começou a indignação de Toninho. Como montaria um outro setor sem nenhum subordinado? Quem o ajudaria a atingir as metas? Decidiu aguardar para ver como as coisas andariam dali em diante.
Ele foi fazendo o possível afinal ele se tornou o Diretor de Informática, o técnico de informática e também instalador, reparador ou seja todo serviço que aparecesse era ele quem executava.
Toninho andava pelo hospital quando o carro da Diretora Geral parou ao seu lado, a mulher abaixou o vidro e pediu que fosse até a sala dela arrumar o telefone, pois não estava funcionando (o cargo anterior antes de ir para a área de informática era de técnico de manutenção), como ele é uma pessoa prestativa, encaminhou-se para a sala da diretora, no caminho trombou com outro Diretor seu chefe direto.
- Onde você vai? – perguntou o chefe.
Toninho contou o que havia acontecido e o chefe respondeu:
- Você já resolveu aquela prioridade que te passei?
- Sim já resolvi. Posso ir agora?
- Não, vou te dar outra prioridade.
Ele ficou zonzo sem saber o que fazer ou a quem seguir, afinal o pedido tinha sido feito pela Diretora Geral do hospital e agora seu chefe Direto dizia que não devia executar o serviço. Foi quando se deu conta que tinha três chefes, a Diretora Geral do hospital, o Diretor Organizacional e o Diretor Geral da parte técnica.
Três chefes! A essa altura me perguntava, como ele estava agüentando, eu mal agüento com um chefe quem dirá com três.
Imagine a seguinte situação, você trabalha na empresa há uns cinco anos, batalha todos os dias e se dedica coisa rara em uma repartição pública. Finalmente consegue um cargo melhor, vai coordenar sua própria equipe, colocar em prática os planos que fez a anos atrás, organizar tudo, deixar tudo tinindo, aí no meio da caminhada você percebe que era apenas uma fachada e que na verdade você ganhou um cargo onde será muito mais cobrado, a sua tão sonhada equipe se resume a você e para melhorar a situação ainda tem três chefes!!!
A situação no Brasil é a seguinte: nós trabalhadores temos que dar conta de várias tarefas ao mesmo tempo e por nós sermos seres humanos ilimitados, na maioria das vezes damos conta do recado, nos dedicamos muito ao trabalho. E a nossa empresa paga uma pessoa para executar o serviço de duas, três, porém ganhamos o salário referente a apenas uma atividade, somos explorados sem darmos conta disso. E o que fazemos frente a essa realidade?
Simples marcamos um Happy-hour para sexta-feira.