Espero...

Espero. Ele disse que avisaria se não viesse. O telefone não tocou. No celular nenhuma mensagem. No msn não tem recado. Então ele virá. Aguardo.

Vou ao espelho. Confiro o visual. Cabelos arrumados, a roupa nos conformes. Ajeito o decote. Mais um pouquinho de perfume. Cheiro o braço. Perfume gostoso. Respiro fundo para ele chegar até a alma.

Sento no terraço. Pernas cruzadas balançando. Parece que quanto mais se fica parada mais o tempo não passa. Vejo até o final da rua. Nenhum sinal de sua presença. Levanto-me, sigo até o portão olho para a direita e para esquerda. Nada. Mas ele virá, senão teria avisado.

Entrei, peguei um livro. Tento ler, mas não me concentro. Escureceu. Minha visão se tornou mais limitada. Na rua escura só se enxerga quem está bem próximo.

O coração bate forte toc-toc-toc, ansiedade, vontade de vê-lo. De abraçá-lo. Por que demoras tanto?

A espera que no início era prazerosa já começa ser irritante. O perfume precisa ser renovado. Os cabelos despenteados, a roupa amassada.

Onde estás? Confiro o celular. Nenhuma mensagem. Espero. Paciência de quem ama. Espero. A esperança é última que morre.

Ninguém mais na rua. A lua me faz companhia. A estrela que pisca - pisca, parece estar solidária a minha a dor. Os desenganos tomam o lugar da esperança. Já acho que não virás.

A doçura da espera, amarga com a desilusão. Perdestes os meus beijos, meus abraços. Perdestes meus carinhos, meus afagos. Enxugo as lágrimas tu não as merece. Por que me fizestes esperar? Por que não avisastes? Trocastes por que nosso momento? Existe algo mais prazeroso que meu afago? Mais terno que o meu afeto?

Amanhã me cobrirás de beijos. Virão explicações. Agora digo que não quero esses beijos, agora não me interessa teus abraços, não quero escutar suas desculpas. Agora me afogo em minhas lágrimas.

Meu travesseiro me faz companhia, aperto meu rosto contra ele para sentir proteção na busca de consolo. Onde estás? Por que não vistes?

Quando o sol nascer... Outro dia... Posso até aceitar tuas desculpas, depende... Elas podem até ser verdadeiras, posso até compreender os teus motivos, posso até te dar outros beijos, outros abraços, outros carinhos, mas são outros...

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 29/03/2008
Reeditado em 12/05/2020
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