Mãos de Sol

Minha sobrinha de 3 anos de idade fez um desenho para mim. Era o desenho de uma pessoa. Com a destreza que as crianças desta idade têm, começou seu desenho concentrada: primeiro a cabeça: olhos, boca, nariz... Agora os braços e as mãos. A quantidade de dedos que colocava me chamou a atenção. Perguntei: "Você não acha que tem muitos dedos nessa mão?" E ela, com a inocência estampada nos olhos, respondeu-me: "É mão de sol, tia!"

Coloquei o desenho na pasta que carrego comigo todos os dias ao trabalho. Transparente, basta olhar para ela que vejo o desenho e as mãos de sol.

Mão de sol. Isso ficou em minha cabeça. Fez-me refletir.

Mãos que trabalham, que tecem, que bordam, que desenham, que constroem. Mãos que carregam peso, que seguram plumas, que digitam palavras, que consertam máquinas. Mãos calejadas pelo trabalho. Mãos trêmulas que tentam escrever as primeiras palavras. Mãos firmes que discorrem grandes textos. Mãos que acalentam filhos, que revelam carinho, que fazem cafuné. Mãos que se comunicam, que fazem gestos, que transmitem conforto, que trazem segurança. Mãos que se juntam num aplauso. Mãos que se unem em oração. Mãos...

Temos mãos de sol sim. Mãos iluminadas! Mãos que traduzem uma gama de sentimentos, de ações, de pensamentos.

Olho mais uma vez o desenho. Tem um sol no canto da página. Tem as mãos prontas para a vida. Tem uma vida esperando pelas mãos!