UM IDIOTA NO TEATRO

Evito cinemas por detestar mastigação de pipocas, sorvidas de refrigerantes e piadinhas durante o filme...

Infelizmente tenho deparado com algumas criaturas igualmente chatas no teatro...

Uma vez, presenciei um ator parar uma peça e pedir que uma idiota atendesse seu celular, pois além dela deixar ligado não o encontrava na bolsa...

Ontem, porém passou da conta...

Teatro na Avenida Paulista, com elenco de primeira...

“Trés chiquè”...

Esclareci isso, porque uma vez comentei o fato, numa roda de conhecidos e me esnobaram dizendo que isso acontece comigo porque prefiro o roteiro alternativo, e que essas coisas só acontecem no baixo clero, com quem tem telefone pré-pago de R$ 99,00...

Aliás, nem isso tenho...

Pois é, fui premiado com uma poltrona atrás de dois casais mais ou menos da minha idade...

Enfim, velhos...

Entre eles, um senhor muito bem trajado...

Todo de branco...

Isso, daqueles que a gente não sabe se é médico, enfermeiro padrão ou pai de santo...

Ou está chegando da festa de reveillon...

Aí, a figura começou...

Começou errando o lugar...

Sentou-se na fileira errada...

Antes tivesse ficado lá...

O lugar deles era atrás de mim...

E não é que o desgraçado do som se desloca para frente...

Isso que se desloca em círculos é mentira...

Quando ele estava na minha frente eu não o ouvia falar...

Quando se sentou atrás...

Hum...

Sabem que ele conhecia “Naiagara faus”...?

E não conhecia Foz de Iguassu...

Praia deliciosa era Aruba...

Rauai... Haway é coisa de pobre...

Monacôô...

Já esteve jogando também em Las Vegas...

Um luxo...

Orlandôô...

Não lembro se ele falou que trouxe algum produto meide in Chaina em Maiami...

Mas deve ter trazido...

Gente “metida a grãfina” traz enrustido, mas traz...

Traz na mochila da babá do Shitzu (pequeno cão de estimação se madame...)

Que macho que é macho tem doberman...

Ainda bem que só escuto de um lado...

Embora o nível de ruído que ele provocasse com seu vozeirão de locutor de coreto de praça do interior, desse até para os sonoplastas e iluminadores escutarem...

E o teatro era grande... Mais de 400 lugares...

Finalmente, tocou o terceiro sinal...

E ele ria...

E ria...

Francamente achei pouca graça na peça...

E ele ria...

Até do silêncio...

Cheguei a pensar que fosse o claque da risada...

Vocês sabem que peça chique e sem graça tem isso?...

Terminava as piadas tragicômicas antes do personagem...

Ele não era o claque, não...

Um telefone tocou...

Adivinhem de quem?

E ele atendeu...

E conversou...

E fez comentário sobre o engraçado da peça...

E eu vou continuar freqüentando meu circuito alternativo...

Lá ele teria levado uma vaia...

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Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 28/03/2008
Código do texto: T920629
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