E o palhaço, o que que é?
Entrei em um circo que estava completamente vazio. Um simples circo, com lonas velhas, arquibancadas de madeira simples. O palco com aquela areia suja e pisada, onde foi o centro de atenções de muitas risadas e muitos malabarismos. Vazio. Completamente vazio. Sentei-me na velha arquibancada e vi um raio de sol entrar pela lona furada, lá no teto do circo. Olhei para o palco e sorri.
- E o palhaço, o que que é? – perguntava o alegre apresentador.
- Ladrão de mulher! – respondi.
- Vou ali e volto já, vou apanhar maracujá! – disse o palhaço.
A platéia ria. As crianças olhavam para os seus pais e estes riam das brincadeiras do palhaço, gostavam dos truques manjados do mágico e da tensão de ver um homem colocando a sua cabeça na boca do leão. O homem da pipoca vendia com alegria, enquanto no outro lado da arquibancada o algodão-doce fazia a alegria de todos.
As luzes da ribalta iluminavam toda aquela festa. Palhaços levando bolo na cara, recebiam balde cheio de água na cara, cachorros andando de patinete... Cores, cheiro de pipoca, gargalhadas... E o show está terminando. Aplausos. Todos de pé. Comi a última pipoca, rir a última piada, suspirei com o último susto da linda moça rodando no ar e aplaudi a última dança. O palhaço tirou a peruca, a pintura do rosto. A luz da ribalta se apagou e uma última criança ainda ficou na arquibancada.
Um velho palhaço, que ainda estava vestido com a bela fantasia, viu o menino sentado e sorriu. O menino continuava sério. O palhaço não desistiu... Fez uma simples mágica e tirou da orelha dele, uma flor. O menino sorriu. Agora sim, o palhaço estava satisfeito. Acenou com a mão e se despediu.
Eu, então, levantei da velha arquibancada e com passos vagarosos reparava o velho circo abandonado. Uma lágrima sai de seus olhos, mas sorrir... Estava com a flor em minha mão. E, gritei para o palhaço: Vou ali e volto já... Vou apanhar maracujá!
27 de março – Dia Internacional do Circo
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